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opinião

O pior cego é o que quer cegar os outros

Os deficientes visuais ideológicos, não vêem e não desejam que outros vejam.

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Se há algo que nos cansa na argumentação marxista é a desgastada ladainha afirmando que a ditadura, o terror e a carnificina que cercam a história do comunismo foi um desvio das ideias de Marx. Por mais que se mostre aos seus defensores os textos marxistas, as fontes teóricas primárias a partir das quais os estados totalitários foram construídos, eles se recusam a enxergar o óbvio.

Para tiranos como Lênin, Stálin, Mao e Pol-Pot, os escritos da dupla Marx-Engels equivaliam ao Antigo e ao Novo Testamento para os cristãos. Eram escritos sagrados, norma de fé e prática.

Mesmo cientes da cegueira auto imposta, insistiremos em apresentar três textos que até poderiam ajudar os cegos a enxergar, embora seja mais provável que o amor à cegueira e à escuridão os impeça.

Abaixo, em itálico, trechos do Manifesto Comunista:

O proletariado utilizará sua supremacia política para arrancar pouco a pouco todo capital à burguesia, para centralizar todos os instrumentos de produção nas mãos do Estado…

Todavia, nos países mais adiantados, as seguintes medidas poderão geralmente ser postas: Expropriação da propriedade latifundiária e emprego da renda da terra em proveito do Estado; Imposto fortemente progressivo; Abolição do direito de herança; Confiscação da propriedade de todos os emigrados e dos contrarrevolucionários. (Isto é, quem não concordasse com as ideias de Marx – comentário meu); centralização do crédito nas mãos do Estado por meio de um banco nacional com capital do Estado e com o monopólio exclusivo; centralização, nas mãos do Estado, de todos os meios de comunicação e transporte. Adequação do sistema educativo ao processo de produção material (isto é, doutrinação comunista e oposição o que não for marxista – comentário meu), etc [1]

Resumindo, Marx e Engels idealizaram uma tomada violenta do poder, com a implantação de um governo onde o Estado se apoderaria à força da economia, dos meios de comunicação, da educação, destruindo “as verdades eternas, a religião e a moral”. E ai dos contrarrevolucionários (chamados de rebeldes em algumas traduções)! Esse foi o plano exposto no Manifesto.

Agora, dentre as muitas descrições possíveis, vamos usar um trecho da biografia mundial do comunismo do livro Camarada, de Robert Service:

Os novos estados comunistas na Europa oriental e no leste da Ásia – de Tirana a Pyongyang e de Tallin a Xangai – tinham coisas em comum. Normalmente, governava um único partido. Às vezes, havia outros grupos políticos, quando eram de esquerda e submissos, que eram incorporados no partido comunista ou aos quais era dada uma semi-autonimia. A ditadura era imposta. Os tribunais e a imprensa estavam subordinados ao comando político. O estado expropriava grandes setores da economia e foi introduzido o planejamento industrial central. A religião era perseguida. As associações da sociedade civil eram obrigadas à submissão ou simplesmente aniquiladas. O marxismo-leninismo era disseminado na sua variante estalinista e as ideologias rivais eram perseguidas. A administração era centralizada. O controle das instituições do estado era reforçado por meio do sistema da “nomenklatura” e eram mantidas interligações estreitas entre o partido, o governo, a polícia e o exército.[2] 

Centralização política, centralização econômica, monopólio ideológico, perseguição religiosa, censura da imprensa, perseguição aos opositores. A cartilha do Manifesto na prática, ponto por ponto. Para não ver isto, basta virar o rosto para o outro lado, ou fechar os olhos, ou furá-los. É o que tem feito os defensores do pensamento marxista. A verdade, porém, é que quanto mais Marx, mais morte.

O último texto é do Nobel em economia, Georg Monbiat:

Os comunistas contemporâneos costumam ceder à vaidade de achar que sua receita não falhou; dizem que o que aconteceu foi que ela sequer chegou a ser experimentada. Alegam que a emancipação dos trabalhadores, sempre que veio a ser praticada em escala continental, foi frustrada por tiranos, que corromperam a ideologia de Marx em benefício de seus objetivos. Durante alguns anos eu mesmo acreditei nisso. Mas nada é mais revelador dos riscos do programa político de Marx do que o Manifesto Comunista. Penso que este tratado, sob a forma de teoria, contém todo o potencial de opressão que mais tarde se abateu sobre os povos das nações comunistas. O problema das recomendações que faz não é que tenham sido aplicadas com rigor. As políticas de Stalin e Mao foram mais marxistas do que, por exemplo, as dos governos mais transigentes – e portanto mais ameno – do que Cuba e do estado indiano de Kerala.[3]

Aqui estão evidentes a causa e o efeito, a semente e o fruto, a teoria e a  prática. O que existe de destrutivo, de enganoso, de mortífero e anticristão nos governos marxistas do passado e de presente são resultados direto da pena de Marx e Engels. Só não vê quem não quer. E infelizmente, há muitos.

E esses deficientes visuais ideológicos, não vêem e não desejam que outros vejam. Sem dúvida algum o pior cego é o que deseja cegar os outros.

[1] MARX, K. e  ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996, pp. 35, 45
[2] SERVICE, Robert. Camaradas. Portugal: Publicações Europa-América, 2008, p. 3008
[3] MONBIOT, George. A era do consenso. Rio de Janeiro: Record, 2004, p. 36

Pastor, jornalista, professor de teologia e história no Vale da Bênção. Palestrante nas áreas de apologética, seitas, escatologia, Israel e vida matrimonial.

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