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estudos bíblicos

O pecado do homem segundo o coração de Deus

Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 10 do trimestre sobre “O Governo Divino em Mãos Humanas – Liderança do Povo de Deus em 1º e 2º Samuel”.

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Estátua do Rei Davi em Israel. (Foto: Neto Gregório / Gospel Prime)

III. O adultério e o homicídio de Davi

1. Pecado gera pecado

O pecado já estava instaurado no coração de Davi desde que ele havia contemplado Bate-Seba, detido sobre ela o seu olhar e a desejado em seu coração, alimentando assim pensamentos sensuais. Mesmo antes da conjunção carnal, a mente de Davi já se havia transformado num motel ambular. Densas trevas espirituais pairavam sobre o palácio naquela tarde ensolarada!

Consumado o adultério, Davi despede Bate-Seba e continua vivendo sua vida normalmente, como se aquilo fora algo normal, a que o rei tinha direito. Não era! Mas a consciência de Davi estava entorpecida pelo pecado e ele já não podia distinguir a origem de seus sentimentos. Como diz boa nota da Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal (2Sm 11.25), “os sentimentos não são caminhos confiáveis para determinar o que está certo ou errado. O pecado deliberado e repetido entorpecera a sensibilidade de Davi em relação às leis de Deus e aos direitos do próximo”.

Dias e até meses se passaram, enquanto as batalhas contra os inimigos de Israel se estendiam, Davi permanecia folgando em seu palácio. Até que tempos depois de seu adultério, recebe a informação que Bate-Seba está grávida (2Sm 11.5). Com o coração tomado de medo para que seu pecado não fosse descoberto, Davi astutamente providencia para que o marido de Bate-Seba seja trazido de volta da guerra, e de todo modo tenta orquestrar para que Urias vá até sua esposa e se relacione com ela, afim de que o filho já concebido fosse tomado como sendo do esposo e não do rei.

Este é o fiel retrato do ser humano que ignora o arrependimento: está sempre buscando meios para ocultar, desfazer ou justificar seus pecados, ao invés de simplesmente confessá-los, corrigi-los e abandoná-los! Tão cegado estava Davi, e tão entregue ao sono indolente da alma se fizera que ele já não podia perceber que dez erros não corrigem um erro. Não prosperam os que encobrem seus erros! (Pv 28.13).

2. O homicídio de Davi

Muito tático, como já demonstrara ser desde quando enfrentava ursos e leões no campo, pastoreando as ovelhas de seu pai, Davi orquestra um plano para liquidar Urias, já que ele teimava em proteger o palácio real ao invés de deleitar-se com sua mulher no leito conjugal. Davi manda por mãos do próprio Urias sua sentença de morte: o comandante Joabe deveria colocar o inocente e leal soldado Urias diante das trincheiras mais perigosas e deixa-lo à própria sorte para que fosse ferido e morto!

Quanta impiedade de Davi e quanta contradição visto que ele mesmo fora caçado tantas vezes outrora, e injustamente, pelo maligno rei Saul. Agora, é a vez de Davi vestir a capa da malignidade e buscar ocasião contra um soldado leal, só que com uma diferença: Davi teve chances de escapar, até porque conhecia os planos de Saul; a Urias, porém, não foi dada essa chance. Morreu sem saber da gravidez de sua esposa e da infidelidade de seu rei, por quem dera a vida no campo de batalha!

O “doce cantor de Israel” agora portava-se como implacável rei adúltero; o que fora chamado para ser pastor de Israel, comportava-se como lobo devorador. Que poço profundo de pecado a cobiça pode ser para o mais santo homem de Deus! Ninguém flerte com o pecado, ninguém brinque nem negligencie seus valores morais e espirituais. Por uma única brecha o pecado adentra e deixa seus terríveis estragos!

3. Davi e seu comandante

O quanto Joabe pode discernir os intentos de Davi não o sabemos, mas certamente teve alguma desconfiança, que logo veio a se confirmar quando soube do casamento de Davi justamente com Bate-Seba, esposa do soldado que Davi havia ordenado indireta execução na batalha.

Seja como for, Joabe fora um fiel comandante das tropas de Israel e não estava interessado em discutir as ordens do rei, mas apenas em cumpri-las, qualquer que fosse o preço a pagar. Assim, o comandante organizou as tropas de modo que Urias fosse abatido pelos inimigos, além de outros soldados de Israel – talvez para disfarçar também a morte de Urias, e assim não deixar tão evidente o plano de Davi, que poderia comprometê-lo depois.

É fácil para nós julgarmos a atitude de Joabe, já que temos um quadro geral dos eventos bem diante dos nossos olhos; para aquele comandante, porém, no meio da guerra, e ignorante dos fatos que se dera no palácio em Jerusalém, a situação não era tão simples assim.

Mas é possível mesmo assim extrairmos aqui uma aplicação prática, e de cunho ético: quando estamos sob autoridade, devemos acatar as ordens sempre que elas estiverem em conformidade com o bom senso, a moralidade cristã e a ética suprema da Palavra de Deus, e não temer desobedecer ordens que contrariem frontalmente a santidade Deus em nós. Nas palavras de Pedro, “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29).

Se o pai, patrão ou mesmo líder espiritual querem nos obrigar a fazer algo que contraria nossa consciência e que fere princípios da Palavra de Deus, seja buscando algum lucro fácil, envolvimento em atos criminosos, falsificação de documentos ou satisfação sexual imoral, então tenhamos a coragem de dizer não e aceitar a pena que advir. É melhor sofrer com Cristo do que errar sem ele! É melhor sermos perseguidos pela nossa santidade do que queridos pela nossa imoralidade!

Se formos inocentemente usados por pessoas em posição de autoridade para algo mal, que desconhecíamos e não desejávamos, Deus mesmo será nossa testemunha, advogado e juiz. Porém, se deliberadamente nos fizermos cúmplices dos pecados alheios, Deus nos julgará e condenará. Deus sabe a intenção de nosso coração e sabe quando somos inocentes e quando somos culpados.

4. A tentativa de Davi para evitar as suspeitas do seu pecado

Uma última ação de Davi para encobertar seu adultério, foi tomar Bate-Seba como esposa, antes que o anúncio de sua gravidez se espalhasse por todo Israel, e as desconfianças recaíssem sobre Davi, já que seu encontro com a mulher de Urias fora de conhecimento ao menos dos servos mais chegados do palácio.

Ainda que não existisse nenhuma restrição quanto a uma viúva casar-se novamente, está claro que as motivações de Davi não foram empatia e amor para com uma viúva desamparada, mas parte de um astuto plano para manter sob sigilo seu caso extraconjugal e a gravidez da mulher com que havia se relacionado.

Todavia, como dizem as Escrituras, “não há criatura alguma encoberta diante dele [Deus]; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar” (Hb 4.13). O próprio Davi tinha ciência, como registra no Salmo 139, que o Senhor lhe cercava o andar e o deitar, e conhecia todos os seus caminhos (v. 3). A ousada e dura repreensão feita pelo profeta Natã, registrada com detalhes no capítulo 12 de 2Samuel, demonstra como Deus estava perfeitamente ciente do pecado de Davi.

O perdão lhe fora dado, pois o coração de Davi era sincero e, mediante o confronto, não buscou justificar-se, como fizera Saul, que só se importava com a honra pública (1Sm 15.30). A preocupação de Davi era em não perder “a alegria da salvação” nem o Espírito de Deus, como vai deixar claro em sua oração de confissão registrada no Salmo 51. A nós, cristãos, está prometido: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça” (1Jo 1.9). Mas é melhor evitar o pecado, pois, como veremos na próxima Lição, o pecado mesmo que perdoado deixa consequências terríveis e desoladoras!

Conclusão

Ao final desta Lição, estejamos mais conscientes quanto ao nosso dever de zelarmos pela nossa saúde espiritual, em oração constante, estudo diário da Palavra, comunhão com nossa igreja local e, acima de tudo, alimentando profundo zelo em nossa postura como cristãos, para que a tentação não encontre portas ou brechas abertas. “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina” (1Tm 4.16), exorta o apóstolo Paulo. O pecado está à porta do coração de cada um de nós, ele “tão de perto nos rodeia” (Hb 12.1). Ninguém se julgue seguro demais a ponto de negligenciar a santificação diária; caso contrário, os dardos inflamados do maligno o abaterão e grande será a queda. “Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia!” (1Co 10.12, NVI). Deus nos guarde!

 

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Referência

[1] D.F. Payne em Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova, p. 499

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Casado, bacharel em teologia (Livre), evangelista da igreja Assembleia de Deus em Campina Grande-PB, administrador da página EBD Inteligente no Facebook e autor de quatro livros.

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