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O Evangelho e a Lei em “O poço”, da Netflix

Muitas são as leituras possíveis, desde as mais literais, passando por concepções ideológicas, filosóficas e religiosas.

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O poço - Netflix. (Foto: Divulgação)

Um dos filmes mais comentados do Netflix, recentemente, é o tal “O poço”. É inevitável: as minhas sinapses, sem exceção, apontam para a redenção. Assim, nasce este texto, um exercício de interpretação da mensagem do filme à mensagem da redenção.

Claro que é apenas um exercício, muitas cenas não guardam nenhuma relação com o Evangelho, outras podem gerar diversas interpretações, então, é apenas uma análise, não me acusem de heresia e não me joguem na fogueira. Então, segue o texto, com muito spoiler, diga-se de passagem (meu sonho, confesso, sempre quis ser crítico de cinema):

Bom, antes de mais nada, pensemos no nome, porque qualquer autor que se preze, no nome passa a grande mensagem do filme. “O poço”, quando pensamos em poço, instantaneamente sentidos são aguçados: ouvimos a expressão “fundo do poço” e sentimos desesperança, medo, frustração, angústia, desilusão e perdição. De outra banda, poço também pode nos fazer lembrar de água, vida, refrigério, saciedade, esperança e salvação.

Um positivista diria “touché”, não existe verdades absolutas e sim a sua percepção! Mentira, a verdade é verdade, não importa nossos sentimentos, mas, voltemos ao filme! A verdade de um poço é que dele pode jorrar água doce ou salgada, mas nunca ao mesmo tempo, portanto, é um lugar de decisão.

No filme, todos os ingredientes estão contemplados. David Desola e Pedro Rivero, com direção de Galder Gaztelu-Urrutia, foram felizes na concepção desta obra de arte. Definitivamente, conseguem despertar as mais diversas sensações no telespectador: objetivo de qualquer cineasta. Muitas são as leituras possíveis, desde as mais literais, passando por concepções ideológicas, filosóficas e religiosas. Nesta última, vou lançar alguns pontos de correlação com o Evangelho.

Em uma exegese evangélica – e a partir daqui vamos analisar o filme todo assim, esqueça o capitalismo, comunismo, gnosticismo, e todos os ismos por um momento, please – o filme também pode representar o afastamento do homem de Deus com o advento do pecado. O homem decaído conduz sua vida conforme seu arbítrio, sem buscar os propósitos de Deus e, muito menos, o centro de Sua vontade, gerando, assim, um ambiente caótico, egoísta e cruel.

Goreng em cena de O poço – Netflix. (Foto: Divulgação)

E, qual a dinâmica do poço? O poço é composto por várias pessoas, de todas as raças, caracterizando os muitos povos e culturas, que se dividem naqueles “de cima”, nos “de baixo” e aqueles que caem. Aqui temos a primeira mensagem óbvia: os escolhidos, os perdidos e os apóstatas[1]. Cada pessoa que entra no poço tem a permissão de levar um objeto consigo, o que de per si revela muito sobre si e, de certa forma, sobre o que lhe proporciona segurança, um objeto salvador.

O sistema é basicamente: alimentação, sobrevivência e comportamento, com ações e reações de acordo com a posição que o integrante se encontra. Nos andares superiores, desfrutando de privilégios ou nos inferiores, sob pressão, gerindo a escassez. Uma mesa farta é posta no primeiro nível do poço que vai descendo até o último nível, cada dupla, em cada nível, tem um determinado tempo para fazer sua refeição e assim, consecutivamente, para cada nível.

O objeto de desejo de todos é o alimento, ao mesmo tempo que é a solução é a origem de toda a violência, dando, também origem ao sagrado, pois, em razão da violência o enfrentamento da situação caótica remata diferente tônica. Aqui, é possível perceber resquícios de René Girard[2], mas, voltemos ao olhar evangélico.

Quais são os personagens desta trama? O primeiro que contracena com o protagonista é Trimagasi. Objeto trazido para o poço: super faca samurai-plus. Tempo de permanência: 1 ano. Motivo: Homicídio. A típica pessoa que vive a sua vida a partir dos seus desejos pessoais e acredita que a salvação pessoal pode ser obtida pela riqueza, ou seja, pelo ter e não pelo ser. Até para conversar ele exige algo em troca.

Trimagasi, em cena de “O poço”, da Netflix. (Divulgação)

A segunda personagem que dialoga com Goreng (o protagonista) é Imoguiri. Objeto trazido para o poço: seu cãozinho chamado Ramsés II. Motivo: Veio por vontade própria para ajudar os outros. Vejam a primeira curiosidade, para muitos historiadores Ramsés II teria sido o faraó teimoso que sofreu as 10 pragas para liberar o povo Hebreu e, ainda, depois foi atrás do povo, sucumbindo no mar vermelho. Moisés conduziu o povo, depois de muito sofrimento, por culpa do próprio povo, à terra prometida. Voltamos a este insight, lembrando de Lonergan[3], depois.

Imoguiri, a sonhadora, demostra sua preocupação com os demais inquilinos do poço e até mesmo com Ramsés II, dividindo sua alimentação diária com ele. Lembrem-se: o objeto principal de todos é o alimento. Ela tenta lançar a ideia que o objeto de desejo deve ser a solução de todos os problemas e não a origem da violência, todavia nada consegue. Quando acorda em um nível muito inferior, sabendo que sua ideia não foi acolhida por ninguém, resolve se enforcar, dando a chance de seu parceiro de nível, de se alimentar, inclusive dela.

Antes de prosseguirmos para os próximos personagens, importa assinalar que Imoguiri foi funcionária, por 25 anos, da administração do poço e entrou nele por vontade própria, acometida de um câncer terminal. Ela queria alcançar a salvação por meio da caridade. Podemos identifica-la como aquelas pessoas que se imaginam isentos dos sofrimentos do mundo. Acreditam que, por fazerem boas ações, terão em contrapartida uma vida feliz. Ao depararem-se com doenças e sofrimentos, sentem-se injustiçados e acabam desistindo da fé.

[…] elas estão pensando na perspectiva de si mesmas; ainda acham que têm de ser boas o bastante […]. Parece muita modéstia, mas é uma mentira do diabo, é a negação da fé […] você nunca será bom o bastante; ninguém jamais foi bom o bastante. A essência da salvação cristã é afirmar que Ele é bom o bastante e que eu estou Nele![4]

A outra personagem é Miharu. Objeto trazido para o poço: Ukelelê. Motivo: Ser a Marilyn Monroe asiática, fama. É uma atriz que desce todos os dias os níveis do poço espalhando sua motivação, que é a busca de seu filho. Com isso consegue ser conhecida por todos e obter notoriedade. Salvação: Fama, status, poder e luxúria. Aqui, a certeza de que o filme e a lógica passa é de que este filho não existe, ele é apenas o motivo irreal e “nobre” para alcançar a fama. Vemos muitas pessoas usando esta tática nos dias de hoje.

O último personagem coadjuvante é Baharat. Objeto trazido para o poço: Corda.  Tenta alçar os andares superiores por conta própria e na força de seu braço. No contato com outros participantes apela para o transcendente com o fim de alcançar seu objetivo: estar em um nível melhor. Não está nem aí para os outros. Ele nos faz lembrar aqueles que acham que a salvação está em seu interior. Por vezes até mesmo se dizem religiosos para benefício próprio, achando que todos caminhos levam a Deus, outro nome disto? Multiculturalismo.

[…] O homem interior é completamente corrompido: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto: quem o conhecerá? (Jr 17.9). Há duas palavras importantes neste versículo. “Enganoso” […] vem da raiz que significa “seguir atrás do calcanhar” ou “estender sobre”. Ela assumiu um significado figurado equivalente a “aproveitar-se de” ou “passar a perna” em alguém. A outra expressão, “desesperadamente corrupto” […], significa um doente sem qualquer possibilidade de ser curado. A maldade do coração humano está vinculada com a ideia de não ter poder algum para sair desta situação.[5]

Miharu, em cena de O poço – Netflix. (Foto: Divulgação)

Por fim, vamos ao protagonista Goreng. Objeto trazido para o poço: Livro Don Quixote. Tempo de permanência: 6 meses. Motivo: Obter um certificado. Este personagem também entra por vontade própria. A ideia de trazer um livro revela um pouco de sua personalidade, é alguém que está em constante busca por conhecimento e consequentemente aperfeiçoamento ou, alguns poderiam dizer, queria um passatempo no poço…

O livro, inclusive, é muito intrigante: além de trazer a ideia de fazer o bem e afastar o mal, princípio de toda a lei natural, também traz a ideia da mimesis, novamente de René Girard, pois Dom Quixote reverencia Amadis de Guala e diz ser seu modelo (herói anterior a Dom Quixote). A mediação externa, ou a imitação de “quem está longe” é o processo pelo qual o protagonista passa, tendo Dom Quixote como modelo a ser imitado. Mas a mediação interna, ou seja, a imitação dos demais personagens que estão próximos, não é tão simples e aqui que tudo se complica.

Voltando ao protagonista, ele é comparado a um caramujo pelo personagem Trimagasi, já que está em um processo de purificação, assim como os caramujos que podem ser transformados em um prato requintado e caro denominado escargot. Parece que esta “evolução” ocorre com o protagonista, que da mediação externa (Dom Quixote) passa para a mediação interna e assim, imita os modelos bons deixados pelos outros personagens.

Também, sob o ponto de vista teológico, lembramos de nossa vida cristã: de pecadores contumazes, passamos a pecadores em tratamento, por meio da lei e do evangelho[6], para, ao fim, completarmos nossa carreira e guardamos a fé [7]. Entendemos melhor essa questão ao submetê-la a pauta de renovação da mente:

[…] A mente renovada cumpre o propósito da lei; a pessoa que […] se vangloria da lei tem certeza de que conhece a vontade de Deus, mas a mente renovada […] reconhece de fato a vontade de Deus e vive de acordo com ela. Não é a luta egocêntrica debaixo da lei […], mas, sim, o caráter do amor “outrocentrado” […] que cumpre a lei.[8]

O personagem revela distinguir o certo e o errado e busca as virtudes em uma concepção aristotélica, por mais que cometa erros no meio do percurso. Neste percurso – como vimos antes, no qual ele passa da mediação externa para a interna e, ao verificar a continuidade da violência – acaba por chegar em uma significativa verdade: “nenhuma mudança é espontânea”, justamente no andar com um número bastante expressivo para os cristãos: 33 (trinta e três).

Essa verdade, se compararmos com a salvação pela graça, onde não somos capazes de consegui-la por nossa própria decisão ou de forma espontânea, e sim por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo. Fica claro que ele não é o “Messias”, por mais que seja chamado assim por alguns personagens, o fato é que ao quebrar o círculo de violência, seus companheiros perdem o rumo. A triangularização é rompida.

Seu objeto, o livro, ajuda-o a tomar a decisão mais sensata: estender uma mensagem de esperança aos demais participantes, pensando na sobrevivência do grupo. Esta decisão implica em descer aos níveis inferiores e convencer todos a racionar os insumos, providenciando assim a alimentação geral. O livro, de certa forma, o convence de sua visão errada, pois, lembrem-se, ele queria entrar no posso para ter um certificado e deixar de fumar.

No poço, ele vira uma espécie de herói. Goreng, passando para uma situação favorável e confortável, ao chegar no andar mais privilegiado (6º – sexto), decidiu correr todos os riscos, até mesmo de sua própria vida, para salvar a de outros. Não é isto que o Evangelho faz ferver em nossos corações todos os dias?

Entretanto, na descida há uma constatação importante: não adianta somente o alimento chegar a todos, visto que não precisam só sobreviver, precisam ser libertos do poço. Necessitam de salvação. Além da revelação geral, precisamos da especial. Além do logos, precisamos d’Ele encarnado.

Quem dá essa dica é um sábio ou um filósofo – sim, sempre estes chatos (risos) – que explica a necessidade de um símbolo para a mensagem não se perder (imediatamente lembramos da cruz). Dessa maneira, chega-se à ideia de levar um prato intacto a todos os andares inferiores e subir com ele da mesma forma, até chegar ao nível 0 (zero), onde a refeição é preparada, provocando assim um choque e atraindo a atenção do que estava acontecendo no poço. O prato escolhido é uma panna cota.

Algo relevante a se considerar é o fato de um flash da trama mostrar a panna cota chegando até o nível zero intacta, mas o chef entende que ela não foi consumida por ter um fio de cabelo e assim repreende todos envolvidos no seu preparo. Uma interpretação errada do que, de fato, representava a volta intocada do prato. Mostrando que a profecia por si só, não seria eficaz, sem efetivamente ter um outro símbolo mais impactante, intrigante e extraordinário, excedendo aos padrões e sendo um milagre.

Administrador revisa Panna Cota em O poço (Divulgação)

No caminho para o último nível ele fere a rocha, acaba partindo para a violência, lembremos de Moisés de novo e o insight com Ramsés II. Por fim, o protagonista chega ao último nível, de número 333 – lembrem, cada nível haviam 2 integrantes, logo chegamos ao número 666, aquele do “the number of the beast” do Iron Maiden. Lá encontra-se o sexto personagem, considerado surpresa, uma criança limpa, sem nenhum resquício da violência perpetrada no poço, ainda mais no último nível (as pessoas ficavam um mês em cada nível), em uma interpretação literal parece ser a filha de Miharu, óbvio que não!

A criança no fundo d’O poço (Divulgação)

Crianças não podiam entrar no poço, a Miharu nunca achou a filha, apenas transitava no poço para ser conhecida, e ninguém resistiria tantos anos no poço para ter concebido uma criança lá – a menina aparenta ter uns 10 anos de idade – e, muito menos passar uma gravidez e dar a luz no poço. É óbvio que a criança não é filha de Miharu e não pertence ao poço. Óbvio, como insistia Trimagasi.

Goreng é atraído pela criança e desiste da panna cota, entregando-a a criança que come toda sobremesa. Fazendo assim alusão ao cumprimento da profecia, onde o verbo se fez carne e habitou entre nós. O grande mistério é a existência de um menor de 16 anos no poço, já que as regras impostas pela administração impedem tal procedimento. O fato, é que criança não pertence aquele lugar, não precisaria estar ali, nem as regras da prisão se aplicam a ela, já que não soou nenhum alarme, nem mudou a temperatura, pelo fato de ficarem com a comida, mesmo após a descida da plataforma, regra essa aplicada em todos andares. Essa criança representa Cristo, que veio até nós para trazer a salvação.

Goreng entende que a criança é a mensagem e decide envia-la para cima. A princípio deseja ir junto, mas é informado que a mensagem não precisa de portadores, ela por si só já é o símbolo, assim como a mensagem de salvação que se perpetua através dos tempos, pois é a verdade e não precisa de persuasão, o Espírito Santo se encarrega do convencimento do pecado, da justiça e do juízo. A mensagem se proclama por si só, mas que fez sua parte essencial ao encontra-la e alimentá-la. Isso nos faz lembrar da natureza do sacrifício na visão Paulina presente em Romanos 12:2:

[…] parece claro que ele associa os dois atos: a vontade de Deus no versículo 2 é o propósito para o qual apresentamos nosso corpo. De modo semelhante, nossa mente é renovada a fim de discernir a vontade de Deus em relação a como podemos usar nosso corpo em favor de seu corpo maior.[9]

Goreng, apesar de ser o mensageiro, era pecador como todos os outros, e consequentemente, incapaz de conceber a salvação para os que estavam ali da forma adequada, apesar de ser chamado de Messias, de forma nenhuma era o Messias. Ele foi o meio, mas não o fim. O fim é concretizado por aquele que É em Si mesmo. Na história, a pureza da infância simboliza a salvação dos perdidos no poço, fazendo clara alusão a Mateus 18:3.

O filme termina com a criança, entendendo aqui uma representação de Cristo, subindo para se revelar e trazer a salvação. Fica a pergunta: Será que ela vai conseguir?

Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo”.[10]

[1] Vamos entender como apóstatas aqui, aqueles que eram ou se diziam cristãos e deixaram de ser. Não é necessário entrarmos na seara da perseverança incondicional ou condicional dos santos.
[2] GIRARD, René. A Violência e o Sagrado. Paz e Terra : São Paulo, 3º Ed., 2008.
[3] LONERGAN, Bernard. Insight – um estudo do conhecimento humano. É realizações: São Paulo, 2010.
[4] LLOYD-JONES, D. Martyn. Spiritual Depression: Its causes and Cure. Grand Rapids: Eerdmans, 1965. p. 34. apud  KELLER, Timothy. Igreja Centrada: desenvolvendo em sua cidade um ministério equilibrado e centrado no evangelho. São Paulo: Vida Nova, 2016. p. 36.
[5] FERREIRA, Franklin. MYATT, Allan. Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto atual. São Paulo: Vida Nova, 2017. p. 444.
[6] VIEIRA, Thiago. A correta distinção entre lei e evangelho. Revista Teologia Brasileira. Disponível em: < https://teologiabrasileira.com.br/a-correta-distincao-entre-a-lei-e-o-evangelho/ >
[7] 2 Timóteo 4:7-8
[8] KEENER, Craig S. A Mente do Espírito. A visão de Paulo sobre a Mente Transformada. São Paulo: Vida Nova, 2018. p. 233.
[9] KEENER, Craig S. A Mente do Espírito. A visão de Paulo sobre a Mente Transformada. São Paulo: Vida Nova, 2018. p. 227.
[10] Apocalipse 3:20.

Advogado desde 2004, bacharel em Direito pela ULBRA (2004); especialista em Direito do Estado, pela UFRGS (2006); Pós-graduado em Estado Constitucional e Liberdade Religiosa pela Universidade Mackenzie, em parceria com a Universidade de Oxford e pela de Coimbra (2017); Pós-graduado em Teologia e Bíblia pela ULBRA (2020) e Mestrando em Direito Político e Econômico pela Universidade Mackenzie. Professor visitante da ULBRA; Conselheiro editorial da Revista científica Dignitas. Presidente do Instituto Brasileiro de Direito e Religião - IBDR. Colunista da Gazeta do Povo, na coluna semanal “Crônicas de um Estado Laico” e diversos outros blogs. Em 2019, foi um dos delegados do Brasil na Universidade de Brigham Young (Utah/EUA) no 26º Simpósio Anual de Direito Internacional e Religião, evento com mais de 60 países representados. Atualmente é membro e conselheiro fiscal da Igreja Batista Filadélfia de Canoas, RS. Esposo da Keilla e pai da Sophia Vieira, mora em Porto Alegre e tem 39 anos.

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