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devocional

Não tenhais medo!

Só podemos aprender a vencer os medos desta vida quando os enfrentamos. A presente pandemia constitui uma excelente oportunidade para isso, mas com sabedoria e precaução, sabendo que, em última análise, a nossa vida está sempre nas mãos de Deus. 

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Pintura da transfiguração. (Foto: Reprodução)

O texto de Mateus 17:6-9 fala-nos do que aconteceu depois de Deus ter falado audivelmente a Pedro, Tiago e João, a quem Jesus havia conduzido ao cimo de um monte e perante quem se tinha transfigurado, numa manifestação singular da sua glória.

Este episódio fala-nos de como os discípulos sentiram medo e como o Mestre os ajudou a vencê-lo.

 O medo normalmente é provocado pelo desconhecido ou o não compreendido.

“E os discípulos, ouvindo isto, caíram sobre os seus rostos, e tiveram grande medo” (v 6). Os povos antigos temiam as manifestações mais violentas da Natureza, como o trovão, o relâmpago e o vulcão porque não eram capazes de as compreender e necessitavam de lhes conferir um sentido.

Neste caso o medo veio da voz de Deus.

O medo pode ter várias origens: medo do desconhecido, medo dos outros (do que nos podem fazer ou dizer de nós), medo de si próprio (das suas palavras, atitudes ou reacções precipitadas ou descontroladas), medo de Deus. O medo de Deus está ligado ao conceito que temos d’Ele.

A imagem do Deus do Antigo Testamento era muito diferente da que temos hoje, pois só em Jesus o Pai vem a ser revelado como Deus de proximidade e intimidade, o que supera o conceito hebraico dum Deus étnico, essencialmente protector do pequeno povo do Antigo Israel.

Jesus tocou-lhes.

“E, aproximando-se Jesus, tocou-lhes” (v 7). A solução para o medo é receber o toque de Jesus. Essa proximidade, essa intimidade traz paz e encoraja-nos na luta contra os medos que enfrentamos.

Jesus encorajou-os a erguerem-se.

“e disse: Levantai-vos” (v 7). O espírito de Cristo é sempre de encorajamento. Faz-nos erguer, levantar a cabeça e enfrentar a vida com coragem e determinação.

Jesus encorajou-os a não ter medo.

“e não tenhais medo” (v7). Paulo dizia a Timóteo que devia cumprir o seu ministério sem medo: “Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação” (2 Timóteo 1:7). Mas isto aplica-se a todas as esferas da vida.

A reacção animal perante a ameaça é fugir (se puder e o outro for maior e mais ameaçador), lutar (se não conseguir fugir ou se calcula que pode vencer a luta) ou fazer de morto.

É bom ter memória e entender que as crises e anúncios do fim do mundo são recorrentes: vacas loucas (anos 90); fim do mundo Nostradamus (1999); bug do milénio (2000); SARS (2002); gripe aviária (2005); gripe dos porcos (2009); fim do mundo Maya (2012); Ébola (2014). Não temos que ter medo,  o qual paralisa e destrói, mas muito cuidado face a esta pandemia.

Quando o medo passa só vimos Jesus.

“E, erguendo eles os olhos, ninguém viram senão unicamente a Jesus” (v8). Quando levantamos a cabeça e somos capazes de enfrentar e vencer os nossos medos, concentramos o nosso olhar em Jesus. Ele passa a ser o foco da nossa atenção e não aquilo que nos ameaça.

Só podemos aprender a vencer os medos desta vida quando os enfrentamos. A presente pandemia constitui uma excelente oportunidade para isso, mas com sabedoria e precaução, sabendo que, em última análise, a nossa vida está sempre nas mãos de Deus.

Nasceu em Lisboa (1954), é casado, tem dois filhos e um neto. Doutorado em Psicologia, Especialista em Ética e em Ciência das Religiões, é director do Mestrado em Ciência das Religiões na Universidade Lusófona, em Lisboa, coordenador do Instituto de Cristianismo Contemporâneo e investigador.

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