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opinião

Muito além do sabor do mel

Depois dessa primeira e gloriosa mensagem há um outro capítulo a ser vivido. Uma próxima página a ser virada.

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Neste exato momento, cristãos continuam sendo degolados e experimentando o quão amargo pode ser o evangelho de Cristo.

Apocalipse para muitos é sinônimo de destruição, hecatombe, fim do mundo. E não deixa de ser visto que, este livro da Bíblia se propõe a revelar os últimos acontecimentos da terra.

A palavra apocalipse significa de forma simples “revelação”. Nem mais nem menos que isso. As visões dadas ao velho apóstolo João, tiveram e têm como principal objetivo desvendar e explicar que Deus tem o controle absoluto do futuro, do passado e do presente.

A escolha de Deus para o estilo do livro é um mistério. Mas aprouve a ele que este fosse cheio de simbolismos, com fartura de imagens de seres celestiais e números se repetindo…

Segundo especialistas, este livro esta dividido em sete grandes sessões paralelas e circulares. Isto é, João conta a mesma historia sete vezes, e isso acontece, obviamente, para que haja uma melhor fixação por parte dos leitores.

Que historia é essa que é contada tantas vezes?

É a historia da redenção humana em Cristo. Mas, não é somente uma simples repetição. A cada vez que a historia é contada ela cresce em detalhes e avoluma em imponência e majestade. E aí desfilam candeeiros, selos, trombetas, taças, cavaleiros, dragões e a serpente…

No capitulo 10, no meio da sessão das sete trombetas, João viu um anjo poderoso descendo do céu. Ele tinha um arco íris rodeando a sua cabeça, um rosto brilhando como o sol e os pés queimando como chamas. E, ainda segurava na mão um livrinho.

Quando o anjo deu um grande brado que parecia com um rugido de leão, trovões falaram. João continua a narrativa e diz que ele estava para escrever as palavras proferidas pelos trovões quando uma voz vinda do céu alertou para que não as escrevesse, pois essas palavras teriam que ser guardadas e só reveladas em tempo oportuno.

Na sequência, João, o filho do trovão, foi lá pegar o livrinho da mão do anjo poderoso. O anjo deu-lhe o livrinho. Mas, ao lhe dar o livrinho, deu-lhe uma ordem e um aviso.

Que ordem era esta?

A ordem foi que João comesse o livrinho. Sim, que o pusesse na boca e o mastigasse e o engolisse.

E o aviso?

O aviso era que, quando João estivesse com ele na boca ele seria doce como mel, mas quando ele chegasse ao estomago o livro se tornaria amargo.

Então, por ultimo o anjo recomendou ao Ancião de Pátmos que ele fosse anunciar o evangelho a todas as nações, povos e reinos.

Revelando o segredo do Livrinho

Se prestarmos bem atenção a este momento, perceberemos que o livrinho que estava na mão do anjo poderoso e que foi passado a João é o evangelho redentor de Cristo que terá que ser contado às nações.

O discípulo amado descobre o que vem depois. Uma segunda realidade da vida cristã que não pode ser ignorada: o sofrimento por causa da sublimidade do amor de Cristo.

Cristo nos libertou do pecado. E nele fomos feitos mais que vencedores! Contudo, Cristo não efetuou tão grande salvação em nós com o propósito de que colecionássemos vitórias materiais, vitórias financeiras e aí vai… Não. Depois dessa primeira e gloriosa mensagem há um outro capítulo a ser vivido. Uma próxima página a ser virada.

Eu sei que tem músicas bem conhecidas por aí que cantam sobre as vitórias alcançadas em Cristo e que elas têm até sabor de mel… e até concordo que a vida cristã tem mesmo esse “quê” triunfal, pois a Bíblia diz isto também.

Mas, você já se perguntou o porquê que esta verdade hoje é a mais cantada, pregada e a mais vendida, e a que mais rende views no Youtube, e milhares de curtidas nas redes sociais?

A resposta imediata é a de que o evangelho não tem sido mastigado, como fez João e a sua geração. Mas ele continua aí, circulando. É o evangelho eterno…

Veja, o anjo não tentou amenizar para o lado de João. E João não “pegou leve” ao entregar a mensagem às sete igrejas. O público-leitor das igrejas da Ásia menor, lá no primeiro século, ao ver a fogueira ardendo, os leões rugindo e cabeças rolando ao som da espada romana na Arena, entendia perfeitamente o significado da ordem do apocalipse: Coma o livrinho!

Hoje, neste exato momento, cristãos continuam sendo degolados e experimentando o quão amargo pode ser o evangelho de Cristo.

O “Estado Islâmico” está aí pra provar isso. O eco das palavras de Hebreus continua na Síria, na Nigéria, em Altamira… “Mas outros confiaram em Deus e forem espancados até a morte, preferindo morrer em lugar de abandonarem Deus para ficar livres – confiando que, depois disso, eles alcançariam uma ressurreição superior”. Hb 11.35 (Nova Bíblia Viva) e ainda, “Homens dos quais o mundo não é digno”.

Saiba querido, que o livrinho continua a ser oferecido, e a recomendação de comer este evangelho simples e puro continua. Crentes verdadeiros seguirão pagando o preço em sofrimento e angústias em uma geração, em outra geração, e outra, e mais outra.

Se ao contrário, a tua vida pós conhecimento do evangelho da graça continua a ter somente o sabor de mel, alguma coisa está desconectada. Experimenta então, pregar o evangelho da renúncia, da entrega total, da guerra contra o eu, do aniquilamento da vontade própria. E você perceberá que o livrinho finalmente chegou ao teu estomago. Um leve amargor virá e aumentará, e a visão de João trará um sentido especial para você.

E será assim até a volta do Príncipe da Paz, Cristo Jesus, que virá e não tardará. E no seu retorno glorioso ele vingará cada gota de sangue derramado pelos seus. Maranata!

Jornalista e escritora, com um livro publicado "Feminilidade Bíblica - Repensando o papel da mulher à luz de cantares", e também escritora de livro didático. Casada com Nelson Ferreira, pastor da IPB, mãe da Acsa e avó da Clarisse. Em breve publicará seu primeiro romance .

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