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opinião

Metamorfose ambulante: a espiral dos pensamentos voláteis

“A sociedade do politicamente correto nunca encontrará apoio no Deus das verdades absolutas”

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Certa vez, durante uma viagem de ônibus, ao regressar de certo lugar para a minha casa, observei num dos braços de uma jovem uma frase emblemática. Estava escrito: “Metamorfose ambulante”. Neste instante, pensei: “Será que vale a pena alguém abraçar uma ideia desta e caminhar errantemente pelos desertos tenebrosos do relativismo de nossos dias?”.

No âmbito da biologia, a palavra “metamorfose” exprime a “transformação, geralmente rápida e intensa, que ocorre na forma, na estrutura e nos hábitos de certos animais durante seu ciclo de vida”[1]. Em sentido figurado, no tocante aos seres humanos, podemos descrever o processo metamórfico como as transformações céleres e violentas na aparência, no comportamento, nos costumes, no caráter, no pensamento, nas crenças etc.

Por sua vez, o termo “ambulante” denota aquele ou o “que se locomove, anda ou está em posição de andamento”[2]. Outra acepção: “Que não é fixo ou não tem lugar fixo”[3]. Filosoficamente, não era assim que pensavam os epicureus e estoicos, quando contendiam com Paulo (At 17.18)? Esses atenienses eram verdadeiros ambulantes no campo da filosofia e exagerados no tato com as religiões (At 17.22-23). A sociedade na qual estamos não representa, em certos sentidos, os deslocamentos ideológicos e religiosos desses homens?

Quando articulamos os vocábulos “metamorfose” com “ambulante”, a ideia que nos vem à baila é a de algo que está, ao mesmo tempo, transformando-se e movimentando-se. Eis uma imagem fiel e descritiva da sociedade hodierna, que tem como paradigma a prática e a defesa da postura politicamente correta.

Por isso, ao compreendermos esses dois conceitos, chegamos à conclusão de que a sociedade do “pensamento politicamente correto” não encontra – e nunca encontrará! – apoio no Deus das verdades absolutas. Isso porque a fé cristã é fundamentada em verdades imutáveis (Is 40.8), e o Deus da Palavra, bem como a Palavra de Deus jamais cederá aos caprichos do relativismo propalado em nossos tempos. Pensamentos libertinos e opiniões contraditórias não têm lugar na congregação dos justos.

Embora as Escrituras digam que Deus é amor (1 Jo 4.8), Elas também dizem que Ele é justiça, e “sente indignação todos os dias” (Sl 7.11). Por conseguinte, essas verdades indeléveis apontam para o caráter íntegro do Senhor, que, mesmo sendo cheio de amor, não deixa impune as pessoas que praticam o pecado de forma deliberada.

Quanto ao trato com essa sociedade contaminada por valores morais sórdidos e transitórios, encontramos um bom conselho da parte de Deus: “Retirai-vos do meio deles [dessa sociedade podre], separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso” (2 Co 6.17-18, grifo nosso). “Retirar-se do meio deles” não significa que devemos nos isolar dos pecadores. Porém, cabe-nos tão somente reprovar as más obras deles e, por meio das boas obras, iluminá-los com a luz de Cristo: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso pai que está nos céus” (Mt 5.16).

O Areópago dos tempos de Paulo pode representar muito bem os núcleos metamórficos de onde são produzidos sofismas contra a Igreja (At 17.22). Em Atenas, ficava este tribunal, que era responsável pela criação e funcionamento das “leis, religião e educação”[4] gregas. Em nosso país, temos também uma espécie de “areópago” sofisticado, que faz leis anticristãs, defende deuses estranhos e fomenta ensinos descaradamente contrários ao que o Santo Livro ensina, especialmente na educação básica e no ensino superior.

Este mundo “areopagita” não comunga a fé dos verdadeiros cristãos. Ele é inconstante. É profano. É uma metamorfose ambulante. Na verdade, ele odeia os cristãos autênticos, porque nele não há verdades absolutas. O próprio Jesus alertou os seus discípulos quanto a isso: “Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou” (Jo 17.14). Este versículo revela-nos que o ódio do mundo contra nós é porque guardamos a inamovível Palavra de Deus (Tg 1.22).

Portanto, “não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12.2). Não coadunemos com essa metamorfose ambulante!

Não cedamos à espiral dos pensamentos voláteis. Não coadunemos com essa metamorfose ambulante!

Referências:

[1] “Metamorfose.”. Michaelis Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=metamorfose>. Acesso em: 19/08/16.
[2] “Ambulante.”. Michaelis Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/busca?id=mnB2>. Acesso em: 19/08/16.
[3] “Ambulante.”. Dicionário Online Caldas Aulete. Disponível em: <http://www.aulete.com.br/ambulante>. Acesso em: 19/08/16.
[4] Bíblia de Estudo Almeida. Barueri-SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2013, p. 1504.

Casado. Presbítero na Igreja Batista Missionária Kadosh, em Recife - PE. Blogueiro evangélico desde abril de 2010. Formado em Teologia (Curso Livre). É pedagogo (professor) e pós-graduado em Coordenação Pedagógica.

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