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opinião

Lula e seus amigos profetas de Acabe

O dia em que a igreja desceu do palanque.

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Escrever história política no Brasil não é tarefa difícil demais. Tudo o que sabemos do nosso passado “gigante” veio de livros oferecidos no banco da escola. A maioria dos brasileiros não lê, não leu e talvez não lerá um único volume referente à história da nossa nação ou do mundo lá fora.

Por vários motivos, desde o interesse pela leitura que não foi cultivado em casa, até ao interesse maior dos governantes em não fazerem a menor questão que os brasileirinhos leiam sobre o que ocorre lá fora e aqui dentro.

Antes compilam fatos isolados, maquiam o passado como bem querem e os apresentam aos nossos filhos na escola primária, secundária e terciária na forma de didática. O resultado disso? A incapacidade de ler fatos sem intermediação do fulano que correu na frente e vendeu a sua história de heroísmo. Este fulano é a lente pela qual será explicada a situação.

E na igreja isso não é muito diferente não. Não digo que não haja interesse nos pais para que seus filhos leiam mais. Há certo interesse sim. Possivelmente, nós os evangélicos, leiamos um pouco mais, mas ainda bem timidamente.

O Falar de política e seus desdobramentos práticos na vida do cristão e da igreja, não é usual no nosso meio. O que é comum é ter partidarismo, gente defendendo candidatos como defendem times de futebol.

Resultado disso é também a pequena capacidade de ler os fatos e um prejuízo no discernimento espiritual. A velha política de cabresto dentro das igrejas corre a rio solto, conduzindo um povo evangélico que está completamente nas rédeas de pastores e líderes. E líderes e pastores em cima de palanques defendendo causas, até estranhas ao evangelho.

Por estes dias o caos tomou conta do nosso país com muitas manifestações do povo. A política foi “judicializada” com diversos habeas corpus solicitados, inúmeros pedidos de intervenção do STF, subindo assustadoramente. Mais de 50 pedidos de suspenção do mandato de Luís Inácio Lula da Silva ao ministério da Casa civil. Coisa espantosa.

Um palanque de ideias foi erigido, os amigos do governo se levantaram em sua defesa, e quem apareceu também? Alguns dos nossos líderes, gente evangélica “palanqueando” causas estranhas ao evangelho, correndo para socorrer o governo amigo.

Me lembrei de Josafá, rei de Judá, naquele ocorrido em 2 Crônicas 18. Josafá se tornou amigo de Acabe porque alguém se casou com alguém da família dele. Só pra frisar, essa família, foi de longe a mais sangrenta de Israel.

Acabe, um rei já bem denunciado pelos profetas Micaías e Elias, juntamente com sua esposa, Jezabel, já tinha um currículo invejável quando o assunto era corrupção e maldades. Parece que quem defende mulher corrupta, só por ser mulher não deveria deixar de fora a Jezabel, não?

A pergunta aqui é: como Josafá se meteu com um povo desses? Não sei. Só sei que neste jantar ele foi convidado oficialmente a subir com Acabe para uma guerra. Deus já tinha condenado a casa de Acabe e Josafá não percebeu, não se atentou, ou não quis condená-lo. No começo Josafá estava com um pouco de dúvidas, se ia ou se não ia.

Ele se questionava, será da vontade de Deus? Vamos pedir o seu conselho? Os profetas aliados do rei Acabe foram requisitados a se revezarem na defesa do governo amigo, dando as suas “profetadas”, aconselhando a guerra.

Um parêntese aqui, me lembrei de algumas “profecias” que foram feitas em eleições passadas dentro de nossas igrejas a respeito de nossa atual governante e seu partido, com direito até a supostas conversões. É… parece que não há nada novo debaixo do céu mesmo.

No meio desse palanque todo, um profeta foi solicitado a comparecer, Micaías. Ele foi chamado a contra gosto de Acabe, pois Micaías não era amigo chegado do rei. Vejam o testemunho de acabe a respeito de Micaías: “Ainda há um homem por meio de quem podemos consultar o Senhor, mas eu o odeio, porque nunca profetiza coisas boas a meu respeito, mas sempre coisas ruins. É Micaías, filho de Inlá”. 2 Crônicas 18:7

O final da história você já sabe. Josafá desobedeceu a Deus, foi para a guerra. Lá o Senhor começou a executar o seu juízo na vida de Acabe e na sua casa, ele foi morto. Jezabel mais na frente seria devorada por cães. E Josafá, o desavisado, retornou para a sua nação, foi poupado por Deus.

Sou presbiteriana, e lamentavelmente, tenho visto líderes, aqui e acolá, da minha igreja amada, se levantarem defendendo o Lula e a presidente Dilma. Usando, inclusive textos bíblicos fora de contexto. E para um presbiteriano isso é grave. A Bíblia é a nossa única regra de fé e prática.

Mas, aí nos deparamos com a infeliz execução exegética de homens que se comprometeram na defesa de partidos políticos e de famigerados “mitos”. Passando por cima da lógica bíblica. Não sabemos o que fez com que estes líderes, e não somente da minha igreja, mas também de outras denominações, fossem tomados de convicções espantosamente contrárias ao evangelho.

Inclusive, todos sabem, que a agenda desse governo há 13 anos defende causas contrárias ao evangelho redentor. Não sei, não compreendo o que leva a estes fazerem tal brutalidade com os textos bíblicos. Mas Deus o sabe, e Ele mesmo colocará ordem nesta bagunça toda, e glorificará o seu Nome que é santo, santo, santo.

É bom deixar claro que esses pastores e líderes que têm falado na mídia, não representam a igreja. A igreja Presbiteriana do Brasil, por exemplo, fala única e oficialmente através dos seus concílios. Vivemos dias maus, dias de confusão na sociedade. Mas a igreja de Cristo não sobe e não subirá em palanque para defender nenhum “amigo” político, ou quem quer seja. A igreja de Cristo levanta-se, tão somente, em defesa do Evangelho da graça. Proclama o arrependimento e a salvação em Cristo.

Não seremos Josafá, ingênuo e desavisado. Seremos Micaías, seremos Elias, seremos João Batista, mesmo que nossa voz clame no deserto, solitária. Seremos a voz de Cristo e diremos: “Ó filhos de serpentes! Como podem homens maus como vocês falar o que é bom e certo”? Pois a boca fala do que está cheio o coração”. Mateus 12.34 e ainda “Toda planta que não foi plantada por meu Pai celestial será arrancada. Portanto, não façam caso deles. São guias cegos guiando cegos. Se um ego guia outro cego, ambos cairão no buraco”. Mateus 15.13

A Deus toda glória, sempre.

Jornalista e escritora, com um livro publicado "Feminilidade Bíblica - Repensando o papel da mulher à luz de cantares", e também escritora de livro didático. Casada com Nelson Ferreira, pastor da IPB, mãe da Acsa e avó da Clarisse. Em breve publicará seu primeiro romance .

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