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Local onde Abraão está enterrado é disputado por israelitas e palestinos
A caverna de Macpela é sagrada para os fiéis judeus e muçulmanos
Após ser libertado de uma prisão israelense, Barakeh Taha decidiu finalmente casar-se e fez a cerimônia em um local sagrado para muçulmanos e judeus, mas que carrega uma história de disputas. Taha é mais um a apoiar uma campanha palestina para reivindicar os direitos sobre uma caverna antiga usada para enterros que fica no centro da cidade velha de Hebron.
Conhecida pelos muçulmanos como a “Mesquita Ibrahami” e pelos judeus como a “Caverna dos Patriarcas”, o local é considerado por ambas as religiões o túmulo do patriarca Abraão e de sua família. A Bíblia a chama de caverna de Macpela.
Os palestinos devem “frustrar as tentativas para os judeus ocupá-la ou tentar controlá-la”, disse Taha. “Eu encorajo todos os casais a se casarem aqui para apoiar o local sagrado e nossa resistência”, disse Taha. Ele é membro do Hamas e aos 32 anos foi incluído no acordo de troca de prisioneiros palestinos pelo soldado israelense Gilad Shalit.
No ano passado, Israel acrescentou a Caverna à sua lista de monumentos históricos nacionais. A decisão resultou em dias de confrontos entre jovens palestinos e as forças israelenses que se dedicam a proteger um enclave de colonos judeus escondidos na antiga cidade de Hebron.
Os palestinos dizem que vão pedir que a UNESCO reconheça formalmente o seu apego cultural à Mesquita Ibrahimi em fevereiro. Esse movimento só é possível graças ao reconhecimento da Palestina como um país por esse órgão das Nações Unidas há dois meses.
“Antes de sermos reconhecidos, não tínhamos o direito de adicionar um sítio arqueológico palestino na Lista do Património Mundial, pois estamos sob ocupação e a única maneira de fazer isso era através de países amigos”, disse Siham al-Barghuti, o ministro da cultura palestino.
“Agora podemos pedir que a UNESCO adicione nossos sítios arqueológicos e religiosos para a Lista do Patrimônio Mundial”, disse ele. “É o principal benefício que nós tivemos.”
Grupos judaicos estão trabalhando muito para aumentar o número de visitantes da porção judaica deste sítio arqueológico. Mas os palestinos iniciaram uma contra-campanha para incentivar muçulmanos a realizar eventos comemorativos, como cerimônias de circuncisão e casamentos na mesquita existente ali.
“A Mesquita Ibrahimi é para os muçulmanos e os palestinos, não para os judeus, nem para os colonos. Eu tenho orgulho de me casar neste lugar magnífico”, disse Lubna al-Natsheh, 19, a noiva de Taha. “Não vamos abandoná-la”, prometeu. “Continuaremos a vir aqui e voltar um dia com nossos filhos.”
Antes da disputa diplomática, os palestinos deram demonstrações claras que seu povo valoriza a Mesquita Ibrahami. Em 26 de novembro, quando multidões se reuniram ali para marcar o Ano Novo muçulmano, muitos deles com o cabelo recém-cortado, seguindo a tradição.
Embora tanto muçulmanos quanto judeus façam suas orações no local, o sítio foi dividido em seções desde 1994, quando um colono israelense abriu fogo contra fiéis palestinos, matando 29 deles.
Apesar do passado sangrento da mesquita, Salah Abu Turki, 44, levou com orgulho seu filho recém-nascido para sua cerimônia de circuncisão, Este é um evento raro nos últimos anos por causa das restrições israelenses do acesso de palestinos ao local.
“É uma grande honra para mim que meu filho está sendo circuncidado aqui”, disse ele. “Os colonos também circuncidam seus filhos aqui, porém temos mais direitos de fazer isso do que eles. Este lugar é uma mesquita e esta é uma antiga tradição para o povo de Hebron”, disse Turki.
Traduzido e adaptado por de Canada.com
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