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estudos bíblicos

A superioridade de Jesus em relação a Moisés

Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 3 do trimestre sobre “A supremacia de Cristo”

em

Moisés e as tábuas da Lei. (Foto: falco por Pixabay)

III. UM DISCURSO SUPERIOR

O desfecho do capítulo 3 objetiva levar o leitor a refletir sobre o peso da mensagem que é anunciada por Cristo em comparação à mensagem pregada por Moisés. Pois, se naqueles tempos antigos Deus, por seu Espírito, jurou que os desobedientes e incrédulos nunca entrariam no seu descanso (Hb 3.16-19), o que deverá acontecer àqueles que ignorarem a mensagem de Jesus, também ratificada pelo seu Espírito? Se a palavra proferida por meio daquele que é da terra foi carregada de duras ameaças aos desobedientes, quão maior perigo não correm aqueles que desobedecem a palavra proferida por aquele que é do céu?

– Desobediência e incredulidade: perigos reais

Lendo atentamente o livro de Hebreus percebemos o quanto o autor exorta-nos contra a desobediência e a incredulidade. São palavras-chaves nesta carta. E não é uma exortação humana, mas que advém do Espírito Santo: “Assim, como diz o Espírito Santo: ‘Hoje, se vocês ouvirem a sua voz, não endureçam o coração’” (3.7). Contra o crente desobediente, que negligencia a fé e cai em incredulidade, há o testemunho de Cristo que falou e do Espírito Santo que confirmou a mensagem! Como nas cartas do Apocalipse, dirigidas as igrejas da Ásia, onde Cristo manda uma mensagem para cada igreja, mas ao final há a confirmação do Espírito em cada uma delas: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas…”. Com isso o autor da carta aos Hebreus quer dizer: “o mesmo Espírito que falou aos judeus no deserto, fala-nos hoje, desobedecê-lo hoje acarretará a mesma sentença que foi dada lá atrás”.

Na verdade, os judeus que quisessem honrar Moisés como um genuíno profeta de Deus, deveriam então obedecer ao que ele disse sobre o outro profeta semelhante a ele que Deus levantaria: “…a ele ouvireis” (Dt 18.15). Como disse Hebreus 1.1, Deus falou no passado pelos profetas (inclusive Moisés), mas agora, nos últimos dias, fala pelo Filho. Infelizmente, muitos crentes judeus não estavam mais ouvindo este profeta semelhante a Moisés, ou estavam ouvindo, mas não estavam atendendo, e assim corriam o sério risco de se tornarem perversos e incrédulos, e se apartarem do Deus vivo (Hb 3.12). Aliás, reflitamos: será que eram apenas os crentes judeus do primeiro século que estavam ouvindo, mas não estavam obedecendo a Cristo? Não teríamos nós hoje crentes vivendo em semelhante situação de letargia e mornidão espiritual? Deus tenha misericórdia de nós e nos retire da sonolência espiritual! Aviva a tua obra, Senhor”

Como dito na Lição passada, a mensagem de Cristo foi proclamada aos judeus mediante o testemunho dos apóstolos e o poder do Espírito Santo, em sinais, prodígios e maravilhas. Aqueles judeus de uma possível segunda geração de crentes haviam experimentado a bondade da palavra de Deus, tinham se tornado participantes do Espírito Santo, e haviam experimentado os poderes da era vindoura (os dons espirituais), conforme Hebreus 6.4-6. A mensagem foi proclamada a eles não em sabedoria humana, “mas em demonstração de Espírito e de poder” (1Co 2.4). Isto agravava ainda mais a negligência e a incredulidade deles, se viessem a ceder às pressões dos judeus não-convertidos para apostatarem de Cristo. “A quem muito é dado, muito será cobrado”, disse Jesus (Lc 12.48). Aliás, como pontua o comentarista da Lição, “Erra quem pensa que só acredita quem vê. Parece que quem muito vê, menos acredita”. De fato, tanto os judeus nos dias de Moisés, quanto – ainda mais! – os judeus no primeiro século, haviam contemplado milagres em abundância. Mas nem isso impediu que eles dessem lugar à incredulidade.

– Uma vez salvo, salvo para sempre?

Contra aqueles que dizem que é impossível a um crente que teve uma fé verdadeira lá atrás vir a apartar-se finalmente de Cristo e perder a sua salvação, o autor da Carta aos Hebreus é claro como a luz do sol ao meio dia num céu sem nuvens:

“Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo. Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado; Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim” (3.12-14)

Percebamos se este texto não fala da possibilidade real de um convertido vir a desviar-se finalmente:

1°. O texto deixa claro que não é a ímpios que o autor está se dirigindo, mas aos “irmãos santos” (v. 1), que tiveram “o princípio da nossa confiança” (v. 14), ou como traduz a versão NVI, a “confiança que tivemos no princípio”. Portanto, ele não trabalha com a tese usada por calvinistas ou arminianos de quatro pontos (6), que negam que aquele que se desviou finalmente de Cristo teve outrora uma fé genuína. Sim, tiveram! É o que o autor de Hebreus diz: “confiança que tivemos no princípio”!

2°. É a estes santos irmãos que o autor adverte para que eles não deem lugar à negligência e a incredulidade, para que não venham ter “um coração mau e perverso” e pior: “para se apartar do Deus vivo”. É ainda a estes santos irmãos que ele exorta contra o endurecimento que o engano do pecado pode causar. Pecado este “que tão de perto nos rodeia” (12.1)

3°. O autor deixa claro que a participação plena e final em Cristo só é garantida àqueles que atenderem à seguinte condição: “se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim”. E antes que alguém diga que esta é apenas uma hipótese, e que mesmo em face de tal ameaça, é impossível que o convertido venha a declinar da fé, deve-se atentar firmemente para os exemplos dados pelo autor: “havendo-a alguns ouvido [a voz de Deus], o provocaram” (v. 16), e justamente esses que provocaram a Deus, pecando contra ele, “caíram no deserto” (v. 17), e “não entrariam no repouso” (v. 18). O último versículo do capítulo 3 é retumbante: “E vemos que não puderam entrar por causa da sua incredulidade”!

Ora, se o autor de Hebreus estivesse querendo dirigir uma palavra de exortação aos não-convertidos para que eles não permanecessem na incredulidade, por que os chamaria de “irmãos santos, participantes da vocação celestial” (v.1)? Mas se era de fato aos convertidos que ele estava se dirigindo (aos que fizeram a confissão por Cristo, conf. v. 1), como estas advertências acima não devem ser encaradas com seriedade sobre o risco real que eles tinham, a exemplo dos judeus nos dias de Moisés, de abrigarem perversidade, incredulidade e rebeldia nos corações, para finalmente serem privados de entrar no descanso eterno? Definitivamente, não dá para levar a sério as ameaças e os exemplos usados no livro de Hebreus e ainda admitir que um verdadeiro convertido não pode vir a declinar da fé e apartar-se de Cristo. Pois se assim fosse, então todas as palavras de advertência nesta carta estariam esvaziadas de sentido e propósito. Não passariam de mero adorno, enfeites. Mais que isso: seria um deboche à inteligência do leitor!

Como está anotado em nota de rodapé na Bíblia de Estudo Pentecostal (7), “O Espírito Santo nos adverte que Deus não continuará a insistir conosco indefinidamente se endurecermos os nossos corações por rebeldia (vv. 7-11; Gn 6.3). Existe um ponto do qual não há retorno”. Ninguém brinque, pois esta advertência dirigida aos “irmãos santos” é muito séria, como tudo o que há na Palavra de Deus!

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Casado, bacharel em teologia (Livre), evangelista da igreja Assembleia de Deus em Campina Grande-PB, administrador da página EBD Inteligente no Facebook e autor de quatro livros.

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