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Jovens cristãos não estão preparados para enfrentar o ambiente acadêmico, diz professor

Em “O Cristão e a Universidade”, Valmir Nascimento trata desse tema.

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Jovem se formando na universidade. (Cole Keister / Unsplash)

Como professor universitário de Direito Religioso, Ética e Teologia, o escritor e pastor Valmir Nascimento acompanha de perto o grande desafio que o jovem cristão enfrenta ao ingressar em uma universidade, quando tem suas convicções confrontadas por ideologias ateístas e vê seus valores sendo colocados à prova.

Sua experiência no ambiente acadêmico reflete no seu currículo, que inclui formação em Direito e Teologia, mestrado em Teologia, pós-graduação em Estado Constitucional e Liberdade Religiosa pela Universidade Mackenzie, Universidade de Coimbra e Oxford University.

Autor de obras importantes pela Casa Publicadora das Assembleia de Deus (CPAD), Nascimento escreveu um livro que aborda especialmente a temática da universidade, que é “O Cristão e a Universidade”.

Pastor auxiliar na Assembleia de Deus em Cuiabá (MT), ele concedeu uma entrevista ao Gospel Prime que foi divida em duas partes.

Na primeira, o teólogo e jurista falou sobre Constituição e política, este tema de outra obra conceituada de sua autoria, “Entre a Fé e a Política”.

Nesta segunda parte, Valmir Nascimento responde perguntas sobre a Educação no Brasil.

Leia à íntegra:

Gospel Prime – Por que um número tão grande de jovens se afastam da Igreja quando ingressam na universidade?

Valmir Nascimento – Há várias razões para isso, mas gostaria de citar dois aspectos principais. Primeiro, ao chegar na juventude, a pessoa adquire maior liberdade e autonomia. Se não tiver uma mente centrada, o jovem se afastará da igreja em busca de outras experiências.

E isso se aplica não somente aos jovens que vão para a universidade. Pesquisas indicam que um número muito grande de jovens também abandona a fé logo após o término do ensino médio, mesmo não ingressando em um curso superior.

Em segundo lugar, muitos jovens não estão preparados bíblica e teologicamente para enfrentar os desafios do ambiente acadêmico, tanto os desafios intelectuais quanto os relacionais.

Isso é resultado de uma fé sem raízes e frágil. Mas também, é fruto de uma vida cristã ausente de experiências verdadeiras com Deus, de oração e busca constante. Não adiante ter argumentos em favor do cristianismo se o jovem não vive e experimenta essa fé que ele quer defender.

Como o cristão pode manter sua identidade no ambiente acadêmico?

É preciso sempre ter em mente que somos dependentes de Deus e carecemos da graça dEle, sempre. O jovem jamais pode se esquecer que é natural ter dúvidas sobre a fé, mas com estudo e auxílio de pessoas mais experientes é possível saber lidar com elas.

O fato de não ter respostas para eventuais questionamentos não significam que elas não existam. Além disso, tenho aconselhado que o cristão mantenha os vínculos com a igreja após o início dos estudos. Isso foi importante para mim no período em que estive da faculdade.

É inegável a existência de um confronto ideológico no ambiente universitário. De que forma o cristão pode defender a fé?

Acho que é importante fazer uso de uma apologética contemporânea, menos racionalista, capaz de dialogar e criar pontos de contato com aqueles que pensam de forma diferente.

Isso passa pela necessidade de ser conhecer os pressupostos dessas ideologias antagônicas ao cristianismo, assim como uma sensibilidade espiritual para entender as pessoas que as defendem, como indivíduos que carecem de conhecer a verdade.

Para que isso aconteça o cristão deve investir em boas leituras, a começar pelas Escrituras, e também em bons livros cristãos e também não cristãos, para que tenha uma visão cultural abrangente.

O que mais lhe preocupa em relação a Educação no Brasil?

A falta de planejamento a longo prazo, a utilização de premissas ideológicas radicais na educação, levando ao pragmatismo e ao relativismo, e, por fim, a perda da ênfase na formação liberal e integral do indivíduo, que era a base da educação clássica.

Allan Bloom discorre sobre isso em seu livro O Declínio da Cultura Ocidental.

Em O Cristão e a Universidade, o senhor dedica um capítulo para aconselhar os estudantes. Qual considera ser o principal conselho?

Mantenha a humildade em Cristo! É sempre importante lembrar que o fato de ter chegado à universidade deve-se à graça divina.

Por isso, é preciso tomar cuidado com o orgulho e o desprezo para com aqueles que não tiveram essa mesma oportunidade. Infelizmente, muitos jovens cristãos, após serem aprovados no vestibular, passam a desprezar pais e líderes cristãos.

A humildade é uma virtual essencial para nos manter focados em quem nós somos, isto é: crentes que vivem, se movem e existem em Deus, para usar as palavras de Paulo (At 17.28).

O que podemos esperar para o pós-pandemia?

Um mundo diferente com o “novo normal”, mas ainda assim o mundo de Deus, que carece do Evangelho e da esperança cristã.

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