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Igreja Russa considera “santos” mais de 1500 mártires que pereceram durante o regime comunista

Quase extinta durante o comunismo, Igreja Ortodoxa relembra o passado e celebra a sua existência

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Georgij Mitrofanov, professor de história na Academia Teológica Ortodoxa de Petersburgo, discursou no congresso realizado pela Fundação Russa Cristã, intitulado “Crises do humano e desejo de felicidade. O que a Igreja hoje há de dizer? “. Ele afirmou: “Os mais de 1500 mártires elevados aos altares da Igreja Russa são apenas uma migalha do exército de santos ortodoxos que contribuíram para o triunfo espiritual histórico da Igreja em meio às perseguições sem precedentes dos comunistas, com crueldade e sacrilégio”.

O congresso foi realizado em outubro nas cidades de Milão e Seriate. Georgij Mitrofanov é o autor do livro “A Rússia e o Século XX”, que narra com detalhes a perseguição do regime comunista contra a Igreja Ortodoxa. Mitrofanov, que também é um sacerdote ortodoxo,  explicou que entre 1918 a 1921, o regime bolchevique tentou a eliminação física da Igreja e dos seus membros ativos. Mas geralmente não envolvia o clero nas ações nas ações antirreligiosas e nos seus órgãos repressivos ou de mídia.

As perseguições deste período quase não deixaram registros escritos, porque naquele tempo praticamente não se fazia nenhuma investigação. Os únicos testemunhos existentes sobre as repressões são os mandados de prisão e, acima de tudo, as sentenças de fuzilamento.

A comissão sinodal da Igreja Ortodoxa Russa possui, contudo, uma grande quantidade de fontes escritas dos períodos posteriores e mais intensos das repressões, de 1922 a 1923, de 1928 a 1934 e de 1937 a 1941. Eles permitem detalhar as circunstâncias da morte de milhares de vítimas do terror, sejam do clero ou de fiéis comprometidos.

O professor Mitrofanov afirmou ainda que, “Se compararmos as perseguições sofridas pela Igreja Ortodoxa no período soviético com aquelas dos cristãos dos primeiros séculos, podemos concluir que as primeiras não apenas maiores, mas também mais cruéis e refinadas nos métodos. No entanto, não seria correto considerar todas as vítimas daquele período como mártires apenas por terem morrido durante as perseguições antirreligiosas.”.

Os cristãos presos pelo regime comunista nas décadas de 1920 e 1930 eram geralmente acusados ​​de crimes políticos. O principal objetivo dos investigadores era forçar suas vítimas, com torturas físicas e morais ferozes, a reconhecerem-se culpadas das acusações recebidas, apontando como cúmplices tantas pessoas quanto possível.

Era muito raro que durante o inquérito fosse exigido que eles negassem a Cristo ou o seu ministério sacerdotal. Para o prof. Mitrofanov, “o primeiro dever moral neste período de perseguição não era a capacidade do cristão preso de professar a Cristo por palavras durante a investigação, mas a capacidade de resistir, sob tortura, e não reconhecer os falsos crimes dos quais eram acusados e nem a cumplicidade de pessoas inocentes”.

É baseada neste critério que a Comissão sinodal para as canonizações considera possível apresentar como provas alguns documentos que diziam respeito a sacerdotes e leigos perseguidos e mortos.

A conclusão o professor Mitrofanov sublinhou: “O povo russo, que sofreu incalculáveis perdas humanas e históricas no caminho que o levou a superar a pretensão de construir o paraíso na terra, revelou diante de todo o mundo o caráter utópico e estéril do comunismo. Também a Igreja ortodoxa russa se opôs aos perseguidores do cristianismo, com uma multidão dos seus novos mártires e confessores, mostrando  ao mundo a invencibilidade da Igreja na sua luta espiritual contra uma das filosofias mais terríveis da história da humanidade”.

Com informações de Zenit News

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