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estudos bíblicos

Glorificados em Cristo

Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 13 do trimestre sobre “A obra da salvação”

em

Cruz. (Photo by Aaron Burden on Unsplash)

A Lição de hoje, neste dia especial de véspera de Natal, está simplesmente apaixonante! Estudar sobre as maravilhas do porvir, que Deus tem guardado para os seus filhos, é realmente extasiante. Minha oração é que o estudo da presente Lição possa enriquecer você espiritualmente, e aquecer aquele bom desejo pela vinda de Cristo que nos faz clamar: “Maranata! Ora vem Senhor Jesus”.

Nosso estudo está resumido em dois tópicos apenas, conforme os tópicos da Lição 13 do último trimestre 2017 da CPAD. Mas conteúdo não falta e poderíamos escrever um livro inteiro sobre este tema! Mas que as próximas palavras sejam suficientes para esclarecer algumas dúvidas e auxiliar professores e alunos no preparo da aula.

I. A GLORIOSA ESPERANÇA DOS SANTOS

– A morte não atemoriza mais

A doutrina da ressurreição serve de consolo e esperança para os santos remidos, pois fala da nossa vitória garantida sobre a morte. Há o seguinte dito popular: “Morreu, acabou-se!”. Na verdade, não. Não acabou. A morte é apenas o descortinar de uma eternidade! É a passagem do transitório para o eterno, quer seja a eternidade com Deus, quer seja a eternidade longe de Deus.

Entretanto, a morte já não atemoriza mais ao crente fiel, pois ela nem pode separar-nos de Deus, nem pode colocar um termo à nossa existência. Na verdade, como disse Paulo, “morrer pra mim é lucro” (Fp 1.21). Isso porque pela morte, ainda que não a almejamos – Deus não nos deu sentimento suicida! -, nós somos levados à presença do nosso Pai, desfrutando sem mais nenhuma possibilidade de queda e apostasia de seu grandioso amor e de sua glória celestial. Thomas Brooks estava certo: “O último dia do crente é seu melhor dia”.

Às vezes não entendemos o porquê dalguns justos serem recolhidos, ao nosso ver, tão precocemente, ou o porquê de Deus não curar alguns de seus servos, permitindo que eles morram tomados por enfermidades. Todavia, como bem declara o profeta Isaías: “O justo perece, e ninguém pondera sobre isso em seu coração; homens piedosos são tirados, e ninguém entende que os justos são tirados para serem poupados do mal. Aqueles que andam retamente entrarão na paz; acharão descanso na morte” (Is 57.1,2). Que mui bela palavra! Pela morte, Deus tanto poupa o justo do mal, como lhe dá descanso. Neste sentido, somente ao justo poderíamos dizer em seu cortejo fúnebre: “descanse em paz”. Amigos próximos ao Dr. Russel Shedd, a quem Deus recolheu em seu celeiro recentemente, contam que perto da morte, aquele piedoso servo do Senhor declarou no hospital em que recebia os últimos tratamentos: “Estou desmamando deste mundo, para encontrar-me com o meu Senhor, onde é só alegria”. Que paz de espírito e convicção de vida eterna!

Já percebeu como o anúncio da morte de um servo ou serva do Senhor é feito com serenidade? Gosto de algumas expressões como:

“Descansou no Senhor esta noite o irmão fulano de tal…”; “Partiu para estar com o Senhor, a nossa irmã fulana de tal…”; “Foi promovido às regiões celestiais o nosso irmão fulano de tal…”

Somente aqueles que creem em Cristo, naquele que disse: “Eu sou… a vida” (Jo 14.6) e que prometeu: “Quem vive e crê em mim não morrerá eternamente” (Jo 11.26), é que podem ter tamanha certeza de que na morte encontrarão descanso, subirão ao encontro do seu amado Senhor e serão promovidos às mansões celestes. “Você crê nisso”, meu irmão? (Jo 11.26)

– A ressurreição é o consolo bendito dos santos

A doutrina da ressurreição do corpo ressalta o quanto Deus presa pela constituição tricotômica dos homens, que são criaturas Suas. Embora na morte o corpo possa vir a se corromper totalmente, apodrecer e desaparecer, por ocasião da ressurreição Deus devolverá aos homens os seus corpos, que estarão adaptados para as condições de sofrimento eterno no inferno, onde o bicho nunca morre (os perdidos, Mc 9.44; Ap 14.10; 20.10) ou de glória eterna no céu, onde o luto será banido (para os salvos, Ap 21.4). Isto serve para instruir aqueles que pensam que na morte o corpo é desfeito para nunca mais tornar e que na vinda de Cristo os salvos subirão ao céu como uma chamazinha de fogo, milhares de almas como fantasmas subindo ao encontro de Deus. Não! Está claro por promessas tanto no Antigo quanto no Novo Testamento que a ressurreição do corpo e glorificação dos salvos é uma bendita promessa para nós. Veja alguns exemplos de ressurreição na Bíblia:

1. ANTIGO TESTAMENTO

2. NOVO TESTAMENTO:

Tanto no Antigo como no Novo Testamento temos testemunhos verídicos de ressurreições, embora não no sentido escatológico em que a ressurreição será acompanhada da glorificação e da incorrupção. Mas a ressurreição do filho da sunamita (1Re 4.32-37) e de um morto anônimo lançado sobre a ossada de Eliseu (2Re 13.20-21), e ainda mais maravilhosamente a ressurreição de Lázaro no quarto dia depois de sua morte quando já cheirava mal (Jo 11) são prenúncios do grande e maravilhoso poder de nosso Deus de trazer os mortos à vida. A experiência de ressurreição de nosso Senhor é o grande paradigma da ressurreição final, quando a sepultura não poderá deter-nos e finalmente “os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares” (1Ts 4.16,17)

– Cristãos ortodoxos devem aceitar a literalidade da ressurreição

A doutrina da ressurreição dos mortos é realmente uma gloriosa esperança para a Igreja do Senhor Jesus. Paulo disse que ele, nosso Senhor, é “as primícias dos que dormem” (1Co 15.20), querendo com isto dizer que Jesus é o primeiro que ressuscitou para nunca mais morrer! No décimo quinto capítulo da carta aos Coríntios, Paulo faz a sua mais contundente e bem desenvolvida defesa desta doutrina que é cara ao cristianismo. É imprescindível que você leia e mastigue bem esse capítulo.

No famoso documento cristão, O credo dos apóstolos, que remonta ao terceiro ou quarto século, já estava definido com clareza na igreja: “Creio… na ressurreição da carne e na vida eterna”. Outro documento ainda mais antigo, que remonta provavelmente ao primeiro século, o Didaquê, reafirma a convicção na ressureição quando no capítulo XVI, sobre a Parousia do Senhor, declara: “Aparecerão os sinais da verdade: primeiro o sinal da abertura no céu, depois o sinal do som da trombeta e, em terceiro lugar, a ressurreição dos mortos”.

Qualquer cristão que negar a ressurreição literal dos mortos para a vida (ou morte) eterna, e reduzir esta doutrina a uma mera alegoria cristã, na verdade não é um cristão, mas um herege e apóstata! Nem a ressurreição de Cristo é simbólica, como pretendem os teólogos liberais, nem a ressurreição final dos justos é uma utopia. Aquela foi um fato inegável – a tumba está vazia! – e esta será um evento futuro concreto ratificado tantas vezes pelos apóstolos do Senhor. “Se Cristo não ressuscitou”, diz Paulo, “é inútil a nossa pregação, como também é inútil a fé que vocês têm” (1Co 15.14).

A fé cristã está pautada nesse tripé histórico: nascimento, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Tais eventos envolvendo vida humana de Cristo são inseparáveis, e a literalidade deles é inegociável para o cristianismo histórico! Um cristão autêntico precisa admitir a verdade de que Jesus ressuscitou literalmente dentre os mortos, e não apenas de uma forma simbólica no imaginário de seus discípulos. A ressurreição não é uma interpretação, nem uma ideia abstrata, ou mesmo uma declamação poética. É um fato histórico! E somente “Porque ele vive, posso crer no amanhã”. Ou ainda como diria Gloria Gaither:

“E quando, enfim, chegar a hora

Em que a morte enfrentarei,

Sem medo, então, terei vitória:

Irei à Glória, ao meu Jesus que vivo esta”

(hino 545 na Harpa Cristã)

– Qual será o corpo da ressurreição?

O teólogo pentecostal Myer Pearlman (1) descreve seis características do corpo da ressurreição que os santos haverão de receber:

a) Relação. Neste ponto, Pearlman destaca que nosso “novo corpo” ainda manterá “alguma relação com o velho corpo”. Ele argumenta, baseado em 1Co 6.19 e em 2Co 5.5, que o Espírito de Deus dará tal vida ao nosso corpo hoje frágil e debilitado, uma vida gloriosa! Alguns traços deverão ser mantidos, embora não possamos especular sobre detalhes. Mas certamente Deus preservará nosso sexo e a cor da nossa pele. Nenhum homem acordará no céu como mulher, e nenhuma mulher ressuscitará do túmulo no corpo de homem!

b) Realidade. Aqui Pearlman enfatiza que o desinteresse de algumas pessoas pelo céu dá-se pela ignorância do que realmente seja o céu e da nossa existência ali. Segundo aquele teólogo, certas pessoas “acham que a vida ali será uma existência insubstancial e vaga”. Há quem pense que no céu seremos uma espécie de fantasmas, espíritos sem corpos voando para lá e para cá. Certo dia me perguntaram se no céu nós só iríamos ficar cantando “Santo! Santo! Santo!” sem parar, num coro sem fim. De fato, me parece que se a existência no céu se resumisse à um coro interminável, repetindo a mesma palavra, ou se a vida eterna fosse apenas a gente saltando de nuvens em nuvens com asinhas de anjos, realmente seria algo bem monótono. Todavia, como bem destaca Pearlman, “Os corpos glorificados serão reais e tangíveis e haveremos de nos conhecer e conversar uns com os outros, como também estaremos plenamente ocupados em atividades celestiais”.

c) Incorruptibilidade. Esta é a bendita promessa, conforme registrado por Paulo em 1Coríntios 15, especialmente os versículos 51 a 55. “O que é corruptível se revestirá de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestirá de imortalidade”, declara o apóstolo. Um corpo que não adoecerá, não padecerá deficiências nem envelhecerá ou morrerá outra vez. Inclusive é bom destacar aqui: os bebês que morreram ainda crianças de colo nos braços de suas mães ou que foram ceifadas por um aborto, certamente não chegarão no céu no corpo de um bebê de alguns meses de vida, necessitando de cuidados maternais. Terão um corpo apropriado para uma vida autônoma no céu, possivelmente já em aparência adulta, sem precisar serem conduzidas pelas mãos de outra pessoa ou serem amamentadas nos seios de qualquer mulher. Também aqueles que viveram a vida inteira com enfermidades terríveis, atrofiamentos nos membros do corpo, falta de um membro e qualquer deficiência, não ressuscitarão no corpo glorificado faltando um membro nem com algum membro atrofiado. Na ressurreição teremos um corpo completo, saudável, livre de deformidades e mazelas comuns desta vida terrena.

d) Glória. Por isso é que esta doutrina chama-se “glorificação”, porque é quando uma grande medida de glória divina será injetada na natureza humana, especialmente em nosso corpo, adaptando-o perfeitamente para as condições do céu. Nosso corpo “é semeado em desonra e ressuscita em glória; é semeado em fraqueza e ressuscita em poder” – garante-nos a Palavra de Deus! (1Co 15.43, NVI). Ora, se até as colunas do céu estremecem diante de Deus, que dirá de um homem num corpo humano natural, frágil, corrompido e mortal? Não suportaríamos o peso da glória de Deus! Se hoje, diante de esporádicas manifestações sublimes de Deus, já sentimos um grande tremor no corpo, e reagimos de tal forma a ponto de desmaiar (e quantos desmaiaram nos cultos de Jonathan Edwards, John Wesley e George Whitefield, no século 18, devido não poderem suportar o peso das visitações divinas sobrenaturais! Orlando Boyer em seu clássico Heróis da fé que o diga!), que dirá a nossa exposição diante da completa manifestação da glória celestial? Nosso corpo será glorificado para poder adentrar ao céu de glória, suportar e permanecer diante da presença daquele glorioso Cristo, mais resplandecente que a luz do sol, e que João viu na ilha de Patmos (Ap 1.12-17).

e) Agilidade. Segundo Pearlman, nosso corpo glorificado “poderá atravessar o espaço com a rapidez de um relâmpago, em razão da enorme energia com a qual estará dotado”. Isso não é maravilhoso? O Espírito Santo já nos deu uma prévia disso quando teletransportou (ou arrebatou) Felipe do deserto de Gaza para Azoto (uns 30 km de distância!). A Bíblia diz: “E Felipe se achou em Azoto…” (At 8.40). Assim será no arrebatamento da Igreja: na velocidade de um raio, cortaremos o espaço e cruzaremos a atmosfera da terra para o encontro com Cristo “nos ares” (1Ts 4.17). Como diz aquele belíssimo hino que já é um clássico: “A gravidade eu vencerei, e face a face eu verei a Jeová”.

f) Sutileza. Aqui, Pearlman é ousado. Ele diz que nosso corpo ressurreto terá “o poder de penetrar as substâncias sólidas”. Ele, provavelmente referindo-se à nossa experiência aqui na terra durante o Milênio, diz que “ao andarmos pela terra em um corpo glorificado, não seremos impedidos por coisas mínimas como um muro ou uma montanha – simplesmente os atravessaremos (cf. Jo 20.26)”. Se Pearlman estiver certo em sua interpretação, então realmente o corpo da ressurreição será algo fantástico! E não é incrível, pois Jesus em corpo glorificado foi assunto aos céus sem uso de cordas, nem anjos tomando-o pelas mãos. Num corpo glorificado, entre as nuvens, Cristo subiu aos céus e voltou para o Pai (Lc 24.51; At 1.9). Você já deve ter ouvido os testemunhos impactantes sobre homens e mulheres de Deus que tiveram experiências de flutuações. Isso aconteceu com um irmão no estado de Alagoas quando Gunnar Vingren, pioneiro das Assembleias de Deus no Brasil, orava por ele (2). Aconteceu também algumas vezes com a esposa do famoso pregador calvinista Jonathan Edwards, a irmã Sara Pierpont Edwards. Confira no link a seguir alguns relatos sobre esta experiência dramática da senhora Edwards, e que serve-nos como um vislumbre dos “poderes vindouros” (Hb 6.5) que haveremos de experimentar em nosso corpo glorificado.

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Casado, bacharel em teologia (Livre), evangelista da igreja Assembleia de Deus em Campina Grande-PB, administrador da página EBD Inteligente no Facebook e autor de quatro livros.

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