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opinião

Família natural transformada e transformadora  

Enquanto base de toda comunidade, o modelo familiar determina a configuração de uma sociedade.

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A família natural constitui a fonte primária de qualquer comunidade e sociedade. Consiste na única forma de procriação natural dos seres humanos, de modo que qualquer outro tipo de relacionamento constitui uma união naturalmente estéril. A família natural nasce da união de um homem com uma mulher e seus filhos. Foi a primeira instituição criada por Deus (Gn 1.26-28). Deus atribuiu a ela um conjunto de responsabilidades individuais e coletivas, relacionadas ao próprio ambiente familiar e com implicações na sociedade como um todo.

Enquanto base de toda comunidade, o modelo familiar determina a configuração de uma sociedade. Qualquer transformação social passa e resulta, portanto, de uma transformação na própria família e reflete o modelo gerado de família transformada.

No Brasil, a configuração familiar tem sofrido mudanças significativas desde a década de 1970. A aprovação da Lei do Divórcio e a redefinição de casamento, a disseminação do discurso de igualdade de gênero somado à dissolução das diferenças de papeis sociais entre homem e mulher, assim como a inserção da mulher no mercado de trabalho e o incentivo ao planejamento familiar voltado para o controle de natalidade, contribuíram, de forma decisiva, para a reconfiguração da família natural. Os casamentos têm durado cada vez menos, o número de divórcios tem crescido ininterruptamente, o número de filhos por casal tem reduzido progressivamente e as famílias formadas pelo casal com seus filhos têm sido gradualmente substituídas por famílias monoparentais, unipessoais e recompostas e até por configurações homoparentais. A família natural tem paulatinamente deixado de ser unidade de proteção, educação e cuidado para assumir, cada vez mais, o papel de unidade de consumo e de trocas auto-interessadas.

Essa configuração familiar atual está completamente distante do modelo de família natural criado por Deus. Ao instituir a família (Gn 1.28; I Tm 5.10), Deus atribuiu-lhe o dever de procriar, multiplicar e povoar a terra. Tudo o que não estiver inserido nessas três prerrogativas, como o divórcio, é, portanto, “odiado” por Deus. Não obstante a importância do planejamento familiar na constituição da família, não há, na Bíblia, qualquer indicação acerca da necessidade de um controle de natalidade, nem tampouco uma flexibilização desse papel da família em nome de um desejo pessoal de não querer ter filhos. Essa mentalidade reproduz uma visão ateísta-secular do mundo, que tem sido disseminada amplamente via educação e mídia e tem alcançado uma parcela expressiva de Cristãos no Brasil e no mundo. Como consequência, os pais têm deixado de receber heranças do Senhor, galardões de Deus, que são os filhos (Sl 127).

Além de ser a unidade de procriação, a família natural consiste no lugar primário da educação das crianças. Os pais são ordenados por Deus para educar seus filhos (Dt 6.4-7). Em Israel, as crianças Judias eram ensinadas em casa até os 8 anos e, entre [os] 8 e 13 anos, recebiam instrução direta de levitas e sacerdotes, na forma de tutoria (IICr 17.7-9; Gl 4.1,2). A educação não cabia ao Estado e sim à família e aos líderes espirituais (Gn 18.19; Pv 22.6; Sl 78.5; Dn 1.4). O lar consistia na principal fonte de conhecimento e influência na formação do caráter e visão de mundo dos filhos, bem como o lugar de aplicação da disciplina e da correção (Ef 6.4), enquanto as autoridades espirituais eram responsáveis pelo ensino das leis de Deus.

A família natural é, por fim, unidade de cuidado e provisão, lugar primário de assistência social. Na perspectiva do Reino, compete à família os cuidados relacionados à saúde e às garantias sociais. Enquanto fonte de amor (Ef 5.22-33 e 6.1-4), a família consiste na primeira linha de proteção contra doenças, pobreza e ruína financeira. É ela a responsável pelo cuidado da saúde física (ITm 5.4, 8, 10, 16; Dt 15.7, 8, 11; 14.28-29) e financeira de seus membros (2Co 14.14, Pv 19.14, Dt 21.17). Essas funções também não cabem ao Estado, o que contraria o que tem sido amplamente defendido pela academia  e pela mídia.

A família tem um papel chave e decisivo em toda Nação. Cabe a ela formar crianças que contribuirão para a economia e o crescimento do país; cabe a ela educar a próxima geração de líderes da Nação; cabe a ela oferecer cuidado e provisão para seus idosos. Se, portanto, queremos um Brasil transformado nos moldes do Reino de Deus, as famílias brasileiras precisam reassumir e exercer tais papeis a elas dados por Deus!

Notas:

1 Este é o quinto artigo de uma série de reflexões cujo objetivo é preparar os Cristãos para escolher de forma consciente e acertada seus representantes políticos nos períodos eleitorais e para atuar enquanto agentes de transformação do Brasil a partir de suas respectivas profissões.

Possui graduação em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais (2007) e doutorado em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais e Universidade Harvard (2014). É pós-doutora em Ciência Política, especialista em Políticas Públicas e Participação Social.

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