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opinião

Família e casamento em uma nação transformada

A orientação de Deus Pai e Deus Filho quanto à família natural e o casamento tem sido progressivamente ignorada e substituída por desejos e teorias humanas.

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Sabe-se que a única forma de procriação natural dos seres humanos é pela relação sexual entre homem e mulher. Qualquer outro tipo de relação constitui uma união naturalmente estéril. A família natural consiste, portanto, na fonte primária das comunidades e sociedades.

Deus instituiu a família e estabeleceu o casamento como o meio de constituí-la. Deus criou Adão e Eva e ordenou que eles tivessem filhos e povoassem a terra (Gn 1.26-28). Logo em seguida, eles foram chamados de “homem e sua esposa” (Gn 2.25). Jesus, como homem, confirmou essa ordenança quando foi questionado pelos fariseus acerca do divórcio (Mt 19). Lembrou-lhes que a família e o casamento não foram criados por leis humanas, mas instituídos pelo próprio Deus antes mesmo do pecado entrar no mundo pela desobediência de Adão e Eva. Deus criou homem e mulher para viver como uma só carne e, por isso, o que Deus uniu, o ser humano não deveria separar (Mt 19.6).

A orientação de Deus Pai e Deus Filho quanto à família natural e o casamento tem sido progressivamente ignorada e substituída por desejos e teorias humanas. O número de famílias naturais com homem e mulher no ambiente familiar tem decrescido ao longo dos anos; em contrapartida, o número de divórcios e separações tem aumentado de maneira crescente e continuada. Em decorrência disso, há um crescimento significativo do número de famílias monoparentais, de famílias refeitas (com madrasta e padrasto) e de outros tipos de união (heterossexuais e homossexuais).

Embora não seja um fenômeno particular do Brasil, esse tem sido nosso retrato nas últimas décadas. Os últimos Censos Demográficos do IBGE mostram que a proporção de casais com filhos tem diminuído continuamente, enquanto a proporção de mulheres sem cônjuge com filhos tem aumentado gradualmente e, desde 2010, corresponde à maior parcela das famílias do país3. Em 1992, as famílias de mães solteiras correspondiam a 17,3%, em 2002, a 20,5% e, em 2010, a 53,5%. Por sua vez, a proporção de casais com filhos representava 68% em 1992, mas caiu para 60,4% em 2002 e para 23,9% em 2010.

De modo semelhante, tem crescido o número de divórcios no Brasil. Dentre os casais sem filhos, a percentagem subiu de 26,1% em 2000 para 40,3% em 2010. Essa tendência é também observada entre os casais com filhos. Neste caso, a evolução foi de 13,3% para 22,3%, nos respectivos anos.

A progressiva redução do número de famílias naturais funcionais, isto é, famílias compostas por ambos os pais biológicos e os respectivos filhos, tem impactado o nível de bem-estar individual e social da nossa Nação. Mais de 350 artigos científicos, baseados em amostras representativas de 800 ou mais casos e em censos aplicados em diferentes nações, apontam que casais, bem como crianças e adolescentes que vivem com seus pais biológicos, apresentam bem-estar maior e mais significativo em relação a todos os indicadores sociais, comparativamente aos solteiros e aos indivíduos em famílias monoparentais e outros tipos de união4.

Os estudos mostram que aqueles que fazem parte de famílias naturais funcionais apresentam melhor saúde física e menor incidência e ocorrência de problemas de saúde mental. Além disso, em tais famílias, as chances de ocorrência e o índice de violência física, sexual e emocional contra mulheres, crianças e adolescentes são menores.

As famílias naturais funcionais também apresentam melhores condições de vida. Nelas, a maior cooperação na relação entre o casal e o saudável relacionamento entre pais e filhos geram menor índice de criminalidade, melhor desempenho escolar e menor taxa de evasão escolar. De modo geral, os estudos apontam que as crianças e adolescentes criados em outros tipos de família e outras formas de união apresentam piores resultados nesses indicadores.

Por fim, a estrutura familiar também está associada ao consumo de drogas lícitas e ilícitas por crianças, adolescentes e adultos. O consumo e as chances de um indivíduo usar drogas de forma recreativa são menores para aqueles que vivem em famílias naturais funcionais, comparativamente às crianças, adolescentes e adultos criados em ambientes familiares sem a presença de ambos os pais biológicos.

A base de toda Nação é a família. Por sua vez, a base de toda Nação próspera, segura e pacífica é a família natural funcional. Se, portanto, queremos um Brasil transformado, devemos começar pela transformação das famílias. Enquanto Igreja de Cristo, somos chamados a defender, fortalecer e orientar a família natural para que ela cumpra plenamente seu papel social5. E, enquanto cidadãos, temos o dever de escolher representantes que não apenas defendem a família natural, mas também compreendem a importância de protegê-la e de promover políticas e leis que contribuem para seu fortalecimento. 

Notas:
1 Este é o décimo quinto artigo de uma série de reflexões cujo objetivo é preparar os Cristãos para escolherem de forma consciente e acertada seus representantes políticos nos períodos eleitorais e para atuarem enquanto agentes de transformação do Brasil a partir de suas respectivas profissões.
2 Viviane Petinelli é pós-doutora em Ciência Política. É especialista em políticas públicas e participação social.
3 Brasil, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2010). Censo Demográfico 2010. Disponível em http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/97/cd_2010_familias_domicilios_amostra.pdf.
4 Carrasco, F. P. (2013). Tipos de familia y bien estar de ninos y adultos. El debate cultural del siglo XXI em 13 países democráticos. México.
5 Para compreender o papel social da família, leia o artigo: Família natural transformada e transformadora.

Possui graduação em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais (2007) e doutorado em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais e Universidade Harvard (2014). É pós-doutora em Ciência Política, especialista em Políticas Públicas e Participação Social.

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