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estudos bíblicos

Babilônia, o Israel de Deus e o alcance da confusão atual

Quando vemos “Babilônia”, na Bíblia, parece-nos que tudo a respeito da mesma, literal ou figuradamente, remete-nos à confusão, física, moral e espiritual.

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Ilustração da Torre de Babel. (Foto: Pieter Bruegel)

De que vivemos dias confusos ninguém duvida. O que penso que não se sabe ao certo é do quão confusos eles são. A confusão de nosso mundo, aliás, não é algo necessariamente novo. Já em Gênesis 11, a Bíblia nos relata que mediante a arrogância do Homem, construindo uma torre “que chegasse aos céus”, Deus o punia, dividindo as línguas e criando uma verdadeira babel (confusão). Babel, posteriormente, marcaria a capital geográfica da Babilônia.

Quando vemos “Babilônia”, na Bíblia, parece-nos que tudo a respeito da mesma, literal ou figuradamente, remete-nos à confusão, física, moral e espiritual. E o legado de babel, sempre presente, torna-se mais forte do que nunca em nossos dias.

É aí que chamo a sua atenção, prezado leitor, àquilo que disse antes: o quão profunda é a confusão de nossos dias? Bem, como o nome que dá origem a palavra Babilônia, muito falada na Bíblia, é babel, que significa confusão em português, creio que podemos traçar um paralelo rápido acerca da influência babilônica a partir dos dias bíblicos.

De fato, ao lermos um livro como Ezequiel, isto nos salta os olhos. Ezequiel, ao que tudo indica, fora levado cativo de Judá à Babilônia em 597 a.C., no segundo grande cerco de Nabucodonozor, rei da Babilônia, sobre Judá.

Bem, Babilônia impunha-se como inimiga e opressora dos judeus, mas, surpreendentemente, após orar a Deus seu povo, o profeta tem um vislumbre sobrenatural que o deixa estarrecido: anciãos (muito provavelmente sob a anuência de sacerdotes) judeus estavam, em meio à calamidade da guerra contra a Babilônia, promovendo cultos secretos a Tamuz, divindade sumeriana, no próprio templo judeu, que ainda estava em pé.

Pintaram paredes do templo com imagens de deuses, além de levarem mulheres que, como o costume pagão, choravam a morte de Tamuz no verão para alegrarem-se – provavelmente com bacanais – sua “ressurreição” no outono/inverno. Isto está registrado em Ezequiel, cap. 8.

No mesmo capítulo do livro de Ezequiel, Deus afirma que toda aquela depravação idolátrica e de feitiçaria causara-lhe furor (vs. 18). Ele puniria os judeus por tamanho desagravo, e assim aconteceu.

Em 586 a.C. os babilônios destruiriam o templo, levariam mais milhares de cativos para a Mesopotâmia por 70 anos e os judeus passariam por um dos mais negros capítulos de sua história. Mas o interessante é que o nome Tamuz, depois, perfilaria como o nome do quarto mês no calendário judaico, cujos meses eram reconhecidos por números (primeiro mês, quarto mês, sétimo mês etc).

Parece que os judeus, posteriormente, subestimaram o quão profunda fora a influência e o babel da própria Babilônia, algoz do povo, mas que não o conquistara apenas militarmente, como social, psicológica e espiritualmente também. A profundidade de alcance da influência babilônica nos judeus ainda iria longe, diluindo-se na própria cultura judaica, mudando a forma como os homens entendem os perigos espirituais e adaptando-se ao seu modus vivendi. Esta, aliás, parece-me ter sempre sido uma tática satânica: se não pode destruir e matar de uma vez, envolva-o(a) e envenene-o(a) com doses menores, homeopáticas, daquilo que a médio ou longo prazo irá matá-lo(a)!

Babel, hoje, configura-se diferente quanto à forma; mas nem um pouco, porém, quanto ao conteúdo. O apóstolo Paulo diz aos gálatas, rogando a Deus, que as bênçãos do Senhor estivessem sobre o “Israel de Deus” (Gl. 6:16). É praticamente consenso que esta expressão epistolar signifique o “povo espiritual de Deus”, ou seja, judeus ou gentios que tenham a Cristo Jesus em seus corações como Senhor e Salvador.

Do mesmo jeito que os judeus, o Israel de Deus, caminhou peregrino por terras estranhas, caminhamos, hoje, o “Israel de Deus”, peregrinos, espalhados por toda a Terra. E, uma vez que temos a associação bíblica clara com “Israel” e com os “Judeus” (vide Romanos 2:28-29), o mundo parece ser a própria Babel, a capital da Babilônia, lugar de afronta, de medo, de idolatria, de violência, de saques, de guerras, de dores, de mortes, de blasfêmias, de apostasia, de opulência, de confusão.

Como última referência, registro as palavras do livro do Apocalipse, no qual, ditas aos santos, estão orientações específicas, alertas acerca de uma época de confusão que, creio piamente, referem-se a um período escatológico, isto é, final, referente ao fim, próximo ao evento conhecido como “A Grande Tribulação”, em que este sistema mundano identificado como “Babilônia” ruirá, será destruído, sentirá o peso da Justiça perfeita do Senhor, colocando todos os seus malefícios, literais ou figurados, em eterno ocaso na eternidade, para que apenas a Glória e a Justiça de Deus prevaleçam. Todavia, tais palavras devem ser ouvidas ainda, e meditadas e atendidas:

Depois destas coisas, vi descer do céu outro anjo, que tinha grande autoridade, e a terra se iluminou com a sua glória. Então, exclamou com potente voz, dizendo: Caiu! Caiu a grande Babilônia e se tornou morada de demônios, covil de toda espécie de espírito imundo e esconderijo de todo gênero de ave imunda e detestável, pois todas as nações têm bebido do vinho do furor da sua prostituição. Com ela se prostituíram os reis da terra. Também os mercadores da terra se enriqueceram à custa da sua luxúria. Ouvi outra voz do céu, dizendo: Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos; porque os seus pecados se acumularam até ao céu, e Deus se lembrou dos atos iníquos que ela praticou. Dai-lhe em retribuição como também ela retribuiu, pagai-lhe em dobro segundo as suas obras e, no cálice em que ela misturou bebidas, misturai dobrado para ela. O quanto a si mesma se glorificou e viveu em luxúria, dai-lhe em igual medida tormento e pranto, porque diz consigo mesma: Estou sentada como rainha. Viúva, não sou. Pranto, nunca hei de ver! Por isso, em um só dia, sobrevirão os seus flagelos: morte, pranto e fome; e será consumida no fogo, porque poderoso é o Senhor Deus, que a julgou”,

Apocalipse 18:1-8.

Bacharel em Teologia e Filosofia. Pós-graduado em Gestão EaD e Teologia Bíblica. Mestre e Doutorando em Filosofia pela UFPE. Doutor em Teologia pela FATEFAMA. Diretor-presidente do IALTH -Instituto Aliança de Linguística, Teologia e Humanidades. Pastor da IEVCA - Igreja Evangélica Aliança. Casado com Patrícia, com quem tem uma filha, Daniela.

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