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estudos bíblicos

Adotados por Deus

Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 11 do trimestre sobre “A obra da salvação”

em

Pai e filho com a Bíblia nas mãos. (Photo by Priscilla Du Preez on Unsplash)

II. ADOÇÃO NO TEMPO PRESENTE

– BENÇÃOS DA ADOÇÃO

O apóstolo João, extasiado pela grande dádiva que nos foi concedida, exclama: “Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus” (1Jo 3.1). De fato, esta é uma preciosa dádiva do amor de nosso Deus, a nossa adoção. Não filhos de um político renomado ou de um grande empresário, nem de um artista da TV ou de um famoso jogador de futebol. Filho de Deus! Isto sim que é uma grande dádiva!

Na oração modelo, Jesus nos ensinou a orar dirigindo-nos a Deus como o “Pai nosso…” (Mt 6.9). Não de Vossa Santidade como se dirigem ao papa, não de Vossa Majestade como a reis, não de Vossa Alteza como a príncipes, não de Vossa Excelência como a políticos e magistrados, não de Vossa Magnificência como a reitores de universidades, nem de Vossa Senhoria como a autoridades em geral… Mas “Pai nosso…”! Enquanto ínfimas criaturas terrenas buscam para si títulos pomposos, à maior autoridade do universo, ao Criador e Senhor absoluto, ao Deus de infinita glória, Jesus nos ensina a dirigirmo-nos a Ele como “Pai nosso…”. É, João estava certo: que grande amor nos tem concedido o Pai! Os ímpios que o tratem como Vossa Majestade, nós que somos filhos, pelo Espírito de adoção que habita em nós (Rm 8.15), podemos nos dirigir a Deus como “Aba, Pai”.

Já dissemos na Lição 5, e aqui repetimos que tamanha é a dádiva da salvação que podemos sem receio dirigir-nos a Deus como “Pai nosso…”, ou como “Aba, Pai” (Rm 8.15; Gl 4.6). Segundo Vine, “os escravos eram proibidos de se referir ao chefe da família com esse título” e ainda diz que “‘ABBA’ [termo de origem aramaica] é a palavra pronunciada pelas crianças, e denota confiança cega; ‘pai’ expressa um entendimento inteligente de relacionamento. As duas palavras juntas expressam o amor e a confiança inteligente da criança” (5).

O Dicionário Wycliffe (6) compara a adoção no sentido civil com a adoção no sentido espiritual e nos traz seis características da adoção que desfrutamos na família de Deus:

1) Adoção é tomar alguém como filho que não o é por natureza e nascimento

2) É ser adotado para uma herança – no sentido espiritual, para uma herança que é incorruptível e imaculada (Rm 8,1517; G1 4.5-7)

3) É um ato voluntário de quem adota – espiritualmente o Pai Celestial exerce Sua soberana vontade nessa questão (Ef 1.5) – mediado por Cristo através da interferência do Espirito Santo (G1 4.4-6)

4) Significa que o adotado leva o nome de quem o adotou e pode chama-lo de “Pai!” (Is 56.5; 62.2; 65.15; Ap 2.17; Rm 8.15; 1 Jo 3,1)

5) Significa que o adotado torna-se o recebedor da compaixão e do cuidado de seu Pai Celestial (Ef 1.3-6; cf. Lc 11.11-13), e é recebido com todos os direitos e privilégios da família, recebido de volta como um filho e não como servo, no caso do filho pródigo (Lc 15.19-24)

6) No aspecto escatológico, toda a criação se beneficia do fato do adotado receber a libertação de seu corpo da decadência e da morte (Rm 8.23).

Os teólogos Guy Duffield e Van Cleave (7) destacam três resultados da adoção:

a) O testemunho do Espírito Santo. Paulo mesmo diz que “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16). É um testemunho interno do Espírito, que nos dá a certeza de que Deus nos aceitou em Cristo, e que agora somos membros de sua família, e que podemos confiar em Seu amor bondoso e proteção.

b) Libertação do medo. Não precisamos temer nos aproximar de Deus, como se ele fosse um ser irascível e indisposto para com os homens. Como dizia o salmista, “Ainda que o Senhor é excelso, atenta todavia para o humilde” (Sl 138.6). Pela obra que Cristo efetuou na cruz em nosso favor, e pelo Espírito Santo que em nós habita, podemos, como diz o autor da Carta aos Hebreus, “entrar com ousadia no santuário” (Hb 10.19). Afinal, dizia Paulo a Timóteo: “Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação” (2Tm 1.7). O bom temor que manifestamos para com Deus tem a ver com o respeito e a reverência que prestamos a Ele, visto que Ele é Santo eternamente, não com um medo que nos repele de Sua presença.

c) Herdeiros e co-herdeiros com Cristo. Como lembram-nos Duffield e Cleave, “inúmeros filhos remidos do Senhor não compreendem a sua herança e agem como servos em lugar de filhos. (…) Vamos começar a gozar de nossa herança em Cristo Jesus desde agora!” (8). Você crê que é filho do Deus altíssimo? Crê que Ele o ama? Então fale com Ele em oração, agradeça-o pelas bênçãos diárias, rogue sua companhia constante, peça-lhe o que necessitas, honre-o de todo coração e espere-O ansiosamente, pois breve Ele virá para os seus filhos! Oremos ao nosso Pai em nome de Cristo, de quem somos co-herdeiros, pois Jesus nos prometeu: “E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho” (Jo 14.13). É de uma cura que você precisa? De uma libertação espiritual? De um milagre em sua vida financeira que está uma bagunça? É o batismo no Espírito Santo que você tanto almeja? É o poder para servir mais e melhor a igreja do Senhor? Então peça em nome de Jesus, nosso irmão mais velho (Hb 2.11), pois “aquele que pede, recebe” (Mt 7.8).

O teólogo holandês Jacó Armínio, com muita propriedade discorrendo sobre onde está a causa da nossa adoção como filhos de Deus, assim disserta (os grifos são meus):

“E devemos ao Sacerdócio de Cristo o fato de que esta bênção tenha sido pedida e obtida para nós, bem como transmitida a nós. Pois Ele, sendo o Filho Unigênito do Pai, e o único herdeiro de todas as bênçãos do seu Pai, não estava disposto a desfrutar sozinho benefícios tão transcendentes, e desejou ter coerdeiros e parceiros, a quem poderia ungir com o óleo da sua alegria e receber como participantes dessa herança. Ele fez uma oferta, portanto, da sua alma, pelo pecado, para que, concluído o sofrimento da sua alma, Ele pudesse ver a sua semente com seus dias prolongados — a semente de Deus, que poderia vir a participar com Ele, em nome e herança. Ele ‘nasceu sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos’ (Gl 4.5). Segundo a instrução do Pai, Ele pediu que os pagãos lhe fossem dados como herança. Portanto, por esses atos, que são peculiares ao seu sacerdócio, Ele pediu este direito de adoção, em nome do seu povo fiel, e o obteve com o propósito de que fosse transmitido a eles, ou melhor, na verdade, Ele mesmo foi o doador. (…) Por meio dEle, e em consideração a Ele, Deus nos adotou, como filhos, que são amados por Ele, o Filho do seu amor. Ele é, portanto, o único herdeiro por cuja morte a herança é transmitida aos outros (…)” (9).

 – RESPONSABILIDADES

Não são só bênçãos que emanam da adoção, mas também responsabilidades. E grandes responsabilidades! Afinal, agora temos o nome de nosso Pai celestial para zelar e sua vontade para obedecer. Jesus disse que não são os que o chamam de “Senhor! Senhor!” que entrarão no reino dos céus, mas “aquele que faz a vontade de meu Pai” (Mt 7.21). E lembremos: ele também é o “Pai nosso…”.

Muitos há nos arraiais evangélicos que oram e cantam dirigindo-se a Deus como Pai, mas vivem como se fossem totalmente estranhos à família de Deus. Sobre os tais, o próprio Deus pergunta: “O filho honra o pai, e o servo o seu senhor; se eu sou pai, onde está a minha honra?” (Ml 1.6). Pode um crente que vive em sensualidade, avareza, idolatria, jogatinas, gula, e que não se interessa pela oração, pelo estudo da Palavra, pela comunhão com a igreja do Senhor, pode tal crente tratar a Deus como Pai? Onde está a honra devida ao Senhor? O marido é infiel à sua esposa, a esposa é negligente no cuidado da casa, os pais maltratam seus filhos, os filhos desobedecem seus pais… podem os tais dirigirem-se a Deus como “Pai nosso”? Ou será que tais religiosos, a exemplo dos judeus nos dias de Jesus, ouviriam o Senhor lhes repreender dizendo: “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai” (Jo 8.44)?

Todo crente, adotado por Deus como filho seu, deve honrar esta privilegiada posição que alcançou pela infinita graça do Senhor. Devemos:

– Honrar o sangue de Cristo com que fomos santificados

– Zelar pelo Espírito pelo qual fomos habitados

– Obedecer ao Pai que graciosamente nos recebeu como filhos

– Amar e servir à família de Deus, que é a Igreja de Cristo

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Casado, bacharel em teologia (Livre), evangelista da igreja Assembleia de Deus em Campina Grande-PB, administrador da página EBD Inteligente no Facebook e autor de quatro livros.

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