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opinião

A sociedade ambígua

“Seja o vosso falar sim, sim! Não, não!” Mateus 5:37

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O assunto sobre o qual vou falar, neste texto, segue de certa forma uma tendência de textos anteriores que tenho escrito para o Gospel Prime. Tenho tentado falar sobre aquilo que não é tão óbvio, tão claro. Isto não significa que não fale de algo importante.

Às vezes, o que há de mais importante se nos passa despercebido, principalmente por causa das polarizações a que estamos habituados. Daí a necessidade de darmos sequência a temas semelhantes.

A sociedade em que vivemos é curiosíssima. Ao mesmo tempo em que parece estar ávida por respostas, esta mesma sociedade quando encontra respostas que não sejam as que se alinhem ao que ela é, normalmente as rechaça. E a crueldade com que faz isso é quase sempre superior à avidez pela busca daquelas mesmas respostas. Creio que nunca vivemos, neste sentido, um período como o nosso.

A sociedade ocidental elegeu um paradigma que vem sendo estabelecido há décadas. Chamo-o de “paradigma do meio”. O que vem a ser isso? É normal que as questões hoje tornem-se cada vez mais difusas, com respostas cada vez mais difíceis de se discernir. A tendência geral, contudo, não é a dificuldade de se encontrar respostas, mas de expressar claramente o que significam os nossos crescentes posicionamentos ambíguos. É neste sentido em que caracterizo o “paradigma do meio”.

É uma tendência hollywoodiana, por exemplo, produzir cada vez mais filmes em que a linha do bom, do justo, do correto e do incorreto, do injusto e do mau seja difusa. Os heróis de hoje não são mais como os de antigamente: mentem, matam, distorcem e até corrompem-se em nome de seus ideais.

Bem, como “a vida imita a arte”, a realidade tem seguido exatamente estes passos. Os discursos sofrem a forte tendência à ambiguidade! As posições parecem cada vez mais ambíguas. É como se ninguém quisesse “se comprometer” com nada – essa é, sem dúvida, a maior denotação da ambiguidade, ou seja, a abstenção.

O problema disso tudo é que os conceitos concretos ficam difusos. Concreto mesmo acaba sendo não se posicionar, ou ser magistralmente “confuso”, no sentido de que tudo o que se diga ou faça tenha uma dupla conotação.

É quase com que se virasse regra não sermos mais “pretos” ou “brancos”, mas “cinzas”, sem uma ideia clara do que é bom e correto para a nossa sociedade. Deve-se mentir em quaisquer circunstâncias, por quaisquer tipos de fins? Isto não é nenhum “neo-utilitarismo” ou sequer um “suprarelativismo moral”, mas uma completa anarquia de valores, travestida pela norma de conduta que vem se estabelecendo há anos: nem sim, nem não; quando muito, talvez.

Entendo que somos chamados, como cristãos, a termos sim posicionamentos concretos e claros sobre o certo e o errado. Isto deve ser algo patente aos cristãos, não apenas latente. Se não repassarmos o que entendemos, corremos o risco de, em nome de qualquer senso de moral distorcido da atualidade, uivarmos com os lobos. Aí, não seremos meros cúmplices, e, por mais que não queiramos emitir uma posição clara sobre o que quer que seja, estaremos, com essa atitude, testificando em alto e bom som o quanto somos todos culpados.

Bacharel em Teologia e Filosofia. Pós-graduado em Gestão EaD e Teologia Bíblica. Mestre e Doutorando em Filosofia pela UFPE. Doutor em Teologia pela FATEFAMA. Diretor-presidente do IALTH -Instituto Aliança de Linguística, Teologia e Humanidades. Pastor da IEVCA - Igreja Evangélica Aliança. Casado com Patrícia, com quem tem uma filha, Daniela.

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