estudos bíblicos

A mordomia do trabalho

Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 9 do trimestre sobre “Tempo, Bens e Talentos”.

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Soldador. (Foto: Christopher Burns / Unsplash)

A Lição desta semana é rica e enriquecedora, e bem podemos inicia-la com uma pergunta: “que ocupação é a tua?” (Jn 1.8).

Noutras palavras, você trabalha? Como tem sido a relação com seu empregador e como tem sido sua experiência de trabalho?

Até sobre isso a Bíblia oferece orientações práticas, para que sejamos bons mordomos do nosso trabalho.

Investiguemos o que as Escrituras ensinam e ajustemos em conformidade com elas nossa postura profissional, para que também nisso sejamos aprovados por Deus!

I. O trabalho de Deus na Bíblia

1. O trabalho de Deus na criação do universo

Algumas pessoas equivocadamente pensam que pelo fato de Deus ser todo-poderoso, não houve labor na Criação do mundo. De fato, nosso Deus “nem se cansa nem se fatiga” (Is 40.28), todavia, ao contrário do que algumas pessoas leigas pensam, Ele trabalhou na Criação, tanto ordenando para que a diversidade de matéria e a biodiversidade viessem à existência, como supervisionando o trabalho atentamente.

Alguém poderá questionar: “mas Deus apenas disse ‘haja’ e tudo veio a existir”. É verdade, que “os mundos pela palavra de Deus foram criados” (Hb 11.3), mas isso não significa ausência de labor. Afinal, Deus não saiu criando coisas aleatoriamente, mas seguindo um maravilhoso plano traçado na eternidade pelo Pai, Filho e Espírito Santo. Logo, embora Deus tenha executado a Criação por meio de Suas palavras, Ele a planejou e também a supervisionou, garantindo que tudo fosse formado conforme Sua vontade.

Quando o texto bíblico diz que o Espírito Santo se movia sobre a superfície das águas (Gn 1.2) e que “Deus viu…” suas obras criadas (Gn 1.10,18,31, etc.), isso fala da inspeção que o própria Deus fazia, certificando-se da qualidade de suas obras. Deus é ao mesmo tempo Arquiteto, Engenheiro, Mestre de Obras e Chefe de Inspeção de Sua belíssima Criação!

Que o professor ou aluno da EBD não se esqueça que trabalho não é apenas o esforço braçal, mas também o intelectual; lembre-se também que muitas pessoas trabalham com a voz, e não com as mãos (veja-se, por exemplo, locutores, dubladores, cantores, etc.); e ressalte-se ainda que o trabalho do supervisor que inspeciona a execução das obras ou serviços é tão legítimo quanto o trabalho daquele que está “com a mão no arado” propriamente.

Portanto, não deve restar dúvidas de que Deus trabalhou – e muito! – para criação do nosso universo. Não à toa, os salmistas declamavam extasiados: “Quão grandes são, Senhor, as tuas obras!” (Sl 92.5a).

2. O trabalho de Deus na criação do homem

Já estudamos na Lição 2 sobre a criação do corpo humano, e vimos naquela ocasião que Deus não apenas modelou a figura de um homem num montão de barro, antes, como bem frisou o comentarista Elinaldo Renovato, o trabalho foi mais detalhado do que costumamos pensar:

“Deus manipulou os elementos químicos que se encontram no barro ou na argila, formando, de modo sobrenatural, cada parte do corpo humano, combinando-os de maneira jamais compreendida pela mente humana (…) A forma como o Senhor combinou os aminoácidos, as proteínas, os sais minerais e as demais substâncias para compor o corpo humano é algo que transcende a qualquer especulação científica” [1]

Ressaltamos ainda que não apenas a criação original do homem Adão ou da mulher Eva foi uma obra de Deus, mas a criação de cada homem ou mulher no ventre materno é também uma obra de Deus, o grande Tecelão da vida! Nas palavras de Davi, fomos “entretecidos” (Sl 139.15), isto é, costurados, ponto a ponto, fio a fio, célula a célula, órgão a órgão, osso a osso… Deus não está separado da geração da vida ou alheio ao desenvolvimento humano, antes, dele pende nossa criação e sobrevivência. Se Ele tirasse de nós o fôlego, morreríamos e voltaríamos ao pó! (Sl 104.29).

3. Deus continua a trabalhar

“Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”, disse Jesus aos legalistas que se queixavam de seus milagres efetuados aos sábados – dia de repouso para os judeus. Nesse texto de João 5.17, vemos a afirmação sobre o ininterrupto trabalho de Deus.

Embora Ele tenha “descansado” de Suas obras na Criação, conforme Gêneses 2.2,3, isto é, cessado a criação do cosmo e se regozijado no que fizera (e não porque estava fatigado e exausto), Ele continua a trabalhar de muitas outras maneiras. Como está escrito: “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele espera” (Is 64.4). Deus não está parado, apenas observando entediado a Criação e Suas criaturas; antes está em ação, com braços estendidos para salvar, cuidar e prover! (Is 59.1)

E lembremos ainda que, no aspecto profissional, até Jesus também trabalhou (além das obras espirituais que ele veio realizar). Certamente, aprendeu muito com seu pai José a profissão de carpintaria (Mt 13.55), e é razoável concluir que muitas casas de Nazaré receberam móveis projetados e moldados por ele, visto que é também chamado de “carpinteiro” (Mc 6.3).

II. A Bíblia e a mordomia do trabalho

1. O homem foi criado para o trabalho

Conforme Gênesis 1.28, Deus não criou o homem para a ociosidade, mas para dominar (ou administrar como mordomo) a terra e sujeita-la (isto é, trabalhar sobre ela). Não havia espaço para preguiça ou vida contemplativa no Éden, pois Adão precisaria colher da terra o seu alimento (Gn 1.29), e, tão logo fora criado, recebeu de Deus uma ocupação que certamente lhe tomou muito tempo e lhe exigiu esforço intelectual: nomear todos os animais criados por Deus (Gn 2.19.20). Se você acha esse trabalho de Adão enfastioso, então certamente você não tem vocação para a Zoologia.

Eva também não fora criada para ser mera companhia de Adão no playground do Éden, como se a vida a dois devesse se resumir ao namoro e à diversão. Observe que o contexto da criação da mulher é justamente a necessidade de uma parceira, auxiliadora, ajudadora para Adão em seu trabalho (Gn 2.18-22). Muito antes da moderna inserção da mulher no mercado de trabalho e da grande participação feminina na indústria, Deus já dotara a mulher, desde o Éden, de vocação para o trabalho ao lado do homem! O homem pode ter vantagem sobre a mulher no que diz respeito à musculatura, todavia, não tem nenhuma vantagem quanto à força da mente, à percepção aguçada, ao discernimento e outras inteligências necessárias para o trabalho e a vida. Nessas faculdades, não raro, as mulheres se sobressaem aos homens. A visão e força da mulher não são pontos facultativos para os homens, mas necessidades!

2. O trabalho antes da Queda

Quando falamos em Queda (com “Q” maiúsculo) nos referimos ao pecado original, isto é, àquela grande queda espiritual em que Adão e Eva precipitaram consigo toda a raça humana, quando desobedeceram a Deus e comeram do fruto proibido (Gn 3.6). Não se refere a um tropicão numa pedra, mas ao grande tropeço espiritual que trouxe afastamento de Deus, enfraquecimento da força humana, obscurecimento da inteligência e do discernimento, além de doenças, morte e toda maldade a que a raça humana está submetida.

A narrativa bíblica que antecede a Queda é muito breve para afirmamos muitas coisas. Todavia, podemos pressupor que antes deste triste episódio, o labor humano estava livre das opressões psicológicas e físicas que hoje acometem os homens; havia deleite e satisfação, já que o homem contava com saúde plena, equilíbrio na natureza, alegria de viver e, acima de tudo, a presença de Deus bem junto a ele para fazer-lhe progredir em conhecimento e sabedoria.

É sempre assim onde há comunhão plena com Deus: o trabalho, mesmo que exigente, se torna, senão prazeroso, menos enfadonho e mais agradável. Como está escrito, sobre o homem que teme ao Senhor: “Pois comerás do trabalho das tuas mãos; feliz serás, e te irá bem” (Sl 128.2).

3. O trabalho depois da Queda

Após o pecado, Adão foi posto para fora do Éden “para lavrar a terra de que fora tomado” (Gn 3.23, ARC; NVI traduz “para cultivar o solo do qual fora tirado”). A sentença divina contra Adão demonstra como o trabalho passou-lhe a ser penoso na terra: “com sofrimento você se alimentará dela todos os dias da sua vida. Ela lhe dará espinhos e ervas daninhas, e você terá que alimentar-se das plantas do campo. Com o suor do seu rosto você comerá o seu pão, até que volte à terra, visto que dela foi tirado; porque você é pó e ao pó voltará” (Gn 3.17-19).

O trabalho é plano original de Deus para o homem, pois até Deus mesmo trabalha, como já vimos; todavia, o trabalho penoso, carregado de sofrimento, é consequência do pecado deliberado de Adão. Enfado físico e psicológico, doenças, acidentes de trabalho, opressão e escravidão, além do próprio desequilíbrio no cosmo (que dificultou o cultivo da terra), são males oriundos da Queda – Cristo redimirá a criação desta escravidão a que ela está submetida, quando vier reinar nesta terra durante o Milênio e restabelecer o padrão edênico de trabalho.

III. Princípios cristãos para o trabalho

1. O homem deve trabalhar “com o suor de seu rosto”

Há trabalhos e trabalhos, profissões e profissões. Alguns mais penosos que outros; alguns mais agradáveis que outros. Não se pode dizer que o enfado ou prazer do trabalho de um gari equipara-se ao de um redator de jornal, nem que o serviço de um policial militar num estado brasileiro com alto índice de criminalidade seja equiparável em satisfação ao de um guia de turismo num país desenvolvido da Europa. Toda ocupação é digna para o trabalhador, desde que “fazendo com as mãos o que é bom” (Ef 4.28). Mas é indiscutível que alguns trabalhos “suam” e “sujam” mais que outros. Em tudo, porém, deve o homem dar graças a Deus!

O “suor do rosto” (Gn 3.19) com que o homem deve galgar o seu sustento significa “esforço” e “fadiga”. Quem vive, ainda mais em tempos de crise, procurando emprego “que não canse muito” ou que seja só moleza, deve refletir se não está morando no planeta errado! Há muitas ofertas de ganho fácil mundo a fora, especialmente propostas de trabalhos virtuais, mas quando não são pura propaganda fraudulenta, são trabalhos indignos para o cristão e até convites escusos para atividades ilícitas. No início, tudo parece mil maravilhas, até que a Polícia Federal bata à porta exigindo apresentação de notas fiscais…

O cristão desempregado e até mesmo o empreendedor devem desconfiar de toda promessa de lucro fácil e rápido, especialmente quando prometem dispensar o “suor do rosto”. Afinal, já dizia a sabedoria popular que nem tudo que reluz é ouro!

2. O trabalho deve ser diuturno

Segundo o Houaiss, diuturno é aquilo “que se prolonga, prorroga ou protela no tempo; que subsiste por muito tempo; longo”. Não é o mesmo que diurno, isto é, de dia, até porque o trabalho também pode ser noturno, isto é, de noite. Dizer que o trabalho deve ser diuturno não quer dizer que cada pessoa deve trabalhar dia e noite (pode ser, mas não necessariamente; e há leis específicas em nosso país que regem as relações de trabalho). Quer dizer sim que o trabalho deve ser intenso e constante, como uma ocupação regular de todo homem ou mulher que almeje viver bem na vida.

A igreja de Tessalônica, ao que tudo indica, estava sofrendo com a influência de cristãos com uma visão errada quanto a vinda de Cristo: “se Cristo breve virá, não temos que nos preocupar com ocupações seculares, vamos espera-lo!”, pensavam alguns. Nisto, foram se entregando à ociosidade e à preguiça, além de começarem a viver às custas dos outros. Paulo então os escreve com linguagem contundente para adverti-los e chamarem-nos de volta à ocupação: “mandamos, e exortamos por nosso Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando com sossego, comam o seu próprio pão” (2Ts 3.12; confira este capítulo na íntegra).

Na sabedoria dos Provérbios vemos muitas exortações quanto ao trabalho, e umas delas é atualíssima: “A alma do preguiçoso deseja, e coisa nenhuma alcança, mas a alma dos diligentes se farta” (Pv 13.4). Quem fica esperando ganhar na loteria, apostando em jogos de azar ou dependendo de assistência social da igreja ou de governos, tendo saúde para trabalhar, nada terá na vida, antes viverá na contínua penúria! Ao passo que os corajosos e desinibidos, sob a graça e a sabedoria divinas, sairão em busca de provisões, trabalhando regularmente e colhendo os frutos de seu esmero (veja o que se diz sobre a mulher virtuosa em Provérbios 31, especialmente os versos 13 a 27).

Apenas ressaltamos um cuidado que se deve ter nesse ponto: o trabalho deve ser constante, mas não ao ponto de esgotar-nos física ou psicologicamente, levando-nos à doenças, além de separação da família e da nossa igreja local. Há dois extremos que demandam cautela aqui: o extremo da preguiça e o outro extremo da escravidão do trabalho!

Contra essa vida de ativismo profissional descontrolado é que pesam as palavras de Salomão no Salmo 127: “Será inútil levantar cedo e dormir tarde, trabalhando arduamente por alimento” (v. 2). Ainda Salomão adverte: “Melhor é a mão cheia com descanso do que ambas as mãos cheias com trabalho, e aflição de espírito” (Ec 4.6). Ou seja, o homem deve trabalhar e juntar suas economias, mas também deve descansar (esse é o princípio do sábado que permanece para os cristãos, o princípio do descanso).

Não são poucos os casos de cristãos que fizeram do trabalho a sua família, a sua igreja e o seu deus! Sob o pretexto de trazerem provisões para dentro de casa, se distanciaram de suas esposas e filhos, abandonaram a comunhão com a igreja local e já não encontram mais tempo e ânimo para orar, ler a Bíblia e louvar ao Senhor. Há tempos não ceiam mais em suas igrejas, já nem lembram quando foi o último beijo que deram nos filhos e menos ainda quando comemoraram um aniversário em família! Péssimos mordomos do trabalho!

É muito pertinente a ponderada reflexão do pastor José Gonçalves neste quesito:

“Não dá para prosperar mantendo-se de braços cruzados, e muito menos ficando eternamente em repouso! É preciso se mexer (…) Não devemos, todavia, nos fazer escravos do trabalho. Devemos estar disponíveis para cultuar a Deus, cuidar de nossa família e, com ela, recrear-nos” [2]

Cuidemos para que na busca pela realização profissional não percamos nossa família, nossa igreja, nossa saúde e… nosso Deus!

3. Não ser pesado a ninguém

O apóstolo Paulo colocou-se como exemplo neste ponto: “porque não vivemos ociosamente quando estivemos entre vocês, nem comemos coisa alguma à custa de ninguém. Pelo contrário, trabalhamos arduamente e com fadiga, dia e noite, para não sermos pesados a nenhum de vocês” (2Ts 3.7,8). Coisa boa é desfrutar de independência financeira e poder prover-se, sob a graça de Deus, de suas próprias economias e ainda ter o que repartir com os que estiverem em necessidade (Ef 4.28)!

Muitos se constituem a si mesmos um peso para pai e mãe ou para sogro e sogra justamente por não seguirem este conselho de Salomão: “Termine primeiro o seu trabalho a céu aberto; deixe pronta a sua lavoura. Depois constitua família” (Pv 24.27, NVI). Deveriam primeiro trabalhar, juntar economias e somente depois constituir sua família; mas “colocaram os carros na frente dos bois”, e agora comem “o pão que o diabo amassou” na casa de um parente!

Há ainda aqueles aventureiros que, buscando fazer carreira no ministério itinerante, largam o trabalho para “viver da fé”. Da fé dos outros, na verdade! Pois os outros terão que sustenta-lo com ofertas e cachês, não raros altíssimos! Nada temos contra aqueles que foram verdadeiramente vocacionados para a dedicação exclusiva no serviço do Senhor, os quais são obreiros fiéis de suas igrejas locais, santos em seu caráter e de trabalhos relevantes prestados à Igreja do Senhor. Sobre os aventureiros, dizemos como Salomão: “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso” (Pv 6.6); porém, sobre os obreiros fiéis de reputação ilibada, chamados para o trabalho na obra do Senhor em tempo integral (cantando, pregando ou ensinando, liderando igrejas, fazendo missões, etc.), dizemos como disse o apóstolo Paulo: “peço que vocês o recebam no Senhor com grande alegria e honrem a homens como este” (Fp 2.29).

4. O preguiçoso não deveria comer

Essas palavras de Paulo são tanto veementes quanto cômicas em relação aos preguiçosos: “se alguém não quiser trabalhar, também não coma” (2Ts 3.10). A Bíblia nos ensina reiteradas vezes a dar assistência aos órfãos e às viúvas (Tg 1.27), bem como jamais esquecermos dos pobres (Gl 2.10), e ainda nos exorta a repartir nossos bens com aqueles mestres que nos instruem na Palavra de Deus (Gl 6.6). Todavia, em lugar nenhum nos ordena suprir as necessidades do preguiçoso!

A Palavra de Deus nunca trata com condescendência o preguiçoso, antes repreende-o contundentemente: “Ó preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono?” (Pv 6.9). A preguiça é um mal tão sério que “o preguiçoso deixa de assar a sua caça” (Pv 12.27). Imagina isso? Ele teve trabalho de encontrar a caça, mas quando a pega, já não quer assá-la por pura preguiça! Morrerá de fome, apesar de ter comida bem à sua frente.

Infelizmente, algumas pessoas saudáveis se viciaram em pedir auxílio da igreja para pagar conta de água, luz, remédios e até de internet! E como alguns pastores não fazem caso de “ajudar” essas pessoas, elas também se viciaram na preguiça! No programa de assistência social de Éfeso, somente as que fossem “verdadeiramente viúvas” é que podiam usufruir do socorro da igreja (1Tm 5.3), e aquelas que ficassem ociosas, andando de casa em casa, entregando-se à fofocas e mexericos, estavam reprovadas para receberem tal benefício (1Tm 5.13). Precisamos ter cuidado com ovelhas preguiçosas que querem se escorar no departamento social da igreja!

5. A relação de empregados e empregadores

Tanto os empregadores cristãos precisam serem justos nos salários pagos aos funcionários, bem como no pagamento dos devidos benefícios garantidos em lei para o trabalhador, além de proverem condições favoráveis aos seus empregados no ambiente de trabalho (Ef 6.9; Tg 5.1-4), como os empregados cristãos precisam serem justos no trabalho, cumprindo devidamente a função e os serviços para que foi contratado e pelos quais estão sendo pagos (Ef 6.5-8; Cl 3.22-25; 1Tm 6.1). Deve haver uma relação profissional de reciprocidade.

E nada de relaxar no trabalho só porque “o patrão é crente”! Pelo contrário, deve tal patrão ser melhor servido por seus empregados que desfrutam de mesma comunhão na fé (confira 1Tm 6.2). Há quem pense que pelo patrão ser crente, deve liberar os empregados crentes do horário de trabalho para irem pregar, cantar, participar de festividades na igreja ou passear com a família. Onde aprenderam isso? Na escola da malandragem ou na faculdade da esperteza? No caso de o patrão ser um descrente mau, não deve o empregado crente amaldiçoa-lo e ameaça-lo com imprecações, antes deve orar por ele e trabalhar para ele com temor (1Pe 2.18,19).

Em caso de direitos trabalhistas estarem sendo desrespeitados, deve o diálogo franco ser a primeira opção para solução do problema; somente se o problema persistir sem nenhuma prontidão para solução por parte do empregador, é que deve o empregado crente recorrer à justiça para garantir seus direitos. Mas deve antes certificar-se de que cumpriu com seus deveres, para que não seja envergonhado diante das autoridades! E não esquecer que o empregador também tem direitos, pelos quais ele poderá reclamar judicialmente contra o seu empregado. Se houver fidelidade de ambas as partes, esse processo jamais será cogitado. E assim deseja o Senhor.

Conclusão

Concluo este estudo relembrando uma história muito conhecida, que nos ensina sobre o trabalho para glória de Deus (1Co 10.31). Um sapateiro convertido perguntou a Lutero o que deveria fazer para servir bem a Deus. Ele talvez esperasse o conselho de fechar o seu negócio e tornar-se pregador do Evangelho ou dedicar-se ao serviço religioso. Porém, a resposta do reformador alemão foi muito sábia: “Faça um bom sapato e venda-o por um preço justo”. O sapateiro aprendeu que poderia glorificar a Deus através de um trabalho competente e honesto. Já meditou nisso, caro irmão?

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Referências

[1] Elinaldo Renovato. Tempo, bens e talentos: sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado, CPAD, p. 21
[2] José Gonçalves, Revista de Professor 4° Trimestre de 2013, CPAD, p. 22-3

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