estudos bíblicos

A mordomia da igreja local

Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 5 do trimestre sobre “Tempo, Bens e Talentos”.

em

Homem com joelhos dobrados dentro de igreja. (Foto: Pexels / Pixabay)

O estudo de hoje está repleto de orientações quanto ao serviço que devemos prestar em nossa igreja local.

Todo crente deve ser membro de uma igreja local, já que não existem “lobos solitários” na obra de Deus! Do pastor ao membro, todos serão ensinados através deste estudo. Quais as nossas responsabilidades enquanto mordomos da igreja? Passemos a refletir sobre isso.

I. A mordomia dos bens espirituais

1. A mordomia e a valorização da Palavra de Deus

No Salmo 119, que é um hino à Palavra de Deus, o salmista dizia: “A explicação das tuas palavras ilumina e dá discernimento aos inexperientes” (Sl 119.130, NVI). Felipe, diácono e evangelista na igreja primitiva, foi um bom mordomo desta Palavra, administrando-a de tal modo a produzir luz e discernimento na mente e no coração do eunuco que ele evangelizara no deserto. Aquele “ministro da fazenda” de Candace lia o rolo do profeta Isaías, mas não compreendia; Felipe, então, na unção do Espírito, passou a lhe explicar que aquelas profecias (Is 53) apontavam para Jesus, que é o Cristo, isto é, o Messias. No mesmo dia o eunuco se converteu, foi batizado nas águas e retornou à sua casa com o coração tomado de alegria (At 8.26-39).

Pastores, pregadores, professores de Escola Dominical, teólogos e escritores precisam hoje igualmente administrarem com sabedoria, temor e unção a Palavra de Deus para dar aos demais servos do Senhor “sua porção de alimento no tempo devido” (Lc 12.42, NVI). Não podemos ser negligentes no estudo, antes devemos nos dedicar à leitura (1Tm 4.13), nem podemos ser relaxados na doutrina, antes ministra-la sem deturpações e corrupções (Tt 2.7). A fidelidade a Bíblia sagrada e uma correta interpretação das Escrituras devem predominar nossa pregação, ensino e produção escrita; nas palavras do apóstolo Pedro, “se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus” (1Pe 4.11).

Na igreja local a exposição da Palavra precisa ter lugar central no culto, para que os pecadores sejam evangelizados e os crentes sejam instruídos e fortalecidos na fé. Não se pode tolerar nem a escassez de tempo a que a pregação é relegada em muitas igrejas, nem também a falta de conteúdo bíblico, doutrinário e teológico em muitos pregadores que são verdadeiros “enchedores de linguiça”! Na verdade, há pregadores que recebem tempo suficiente, até de sobra, para pregar, mas desperdiçam-no com histórias, falsos testemunhos, manipulação barata das emoções de seus ouvintes, além de falsos discursos proféticos e visões que procedem de suas mentes, não do sublime trono de Deus!

Este grave defeito se pode perceber também em muitas aulas de Escola Dominical, com professores que não se aplicam ao estudo das Escrituras e da Lição dominical e se põem diante de suas classes para ocuparem todo o tempo da aula com exposições vagas, superficiais e monótonas – o que gera desinteresse da membresia da igreja em participar da EBD local. As palavras de Paulo devem ecoar nos ouvidos de muitos hoje: “Prega a Palavra!” (2Tm 4.2).

O pastor Antônio Gilberto, queixando-se de um quadro preocupante na igreja brasileira, dizia: “Há atualmente um esvaziamento da Palavra de Deus no púlpito de inúmeras igrejas. O tempo que deveria ser da Palavra do Senhor é ocupado por músicas e cantos profissionais – não o genuíno louvor – e atividades sociais, restando alguns minutos para a pregação da Palavra de Deus. Daí o elevado número de ‘retardados espirituais’ nessas igrejas” [1].

Diante deste quadro caótico, os bons mordomos da Palavra de Deus precisam se erguer, encontrarem o livro da Lei do Senhor que se perdeu dentro do templo (como nos dias de Josias – 2Re 22), e voltarem a lê-lo e explaná-lo para o povo com muita reverência (como nos dias de Esdras e Neemias – Ne 8).

2. A mordomia na evangelização e discipulado

Um renomado evangelista e professor pentecostal do século passado, Donald Gee, alertava sobre a necessidade de um discipulado sério acompanhando a missão evangelizadora da igreja: “o evangelismo descuidado evangeliza e abandona, não ensina: não apresenta nenhuma preocupação pelo crescimento espiritual das almas que trouxe ao novo nascimento. Exatamente neste ponto está uma fraqueza fundamental de muitos avivamentos modernos: eles não acompanham suficiente os que creem” [2]. Igrejas que evangelizam crescem; igrejas que evangelizam e discipulam crescem com saúde!

Todos os crentes estão incumbidos da tarefa de evangelizar os pecadores e leva-los a Jesus Cristo. E a igreja local, organizada e provida de vários recursos, deve promover o discipulado contínuo para todos os membros (isto é, o ensino regular e persistente das Escrituras para formação do caráter cristão), mas especialmente o discipulado inicial para os novos convertidos, a fim de dar-lhes o “leite racional” da Palavra de Deus (1Pe 2.2), como a bebês na fé, meninos recém-nascidos (Jo 3.3), que precisam tomar os primeiros nutrientes da salvação e irem aos poucos se desenvolvendo.

O apóstolo Pedro ressalta que o leite espiritual servido aos crentes não pode ser falsificado, para que não prejudique a saúde da alma do rebanho do Senhor. Por isso, faz-se necessário que aqueles que assumem a responsabilidade de ensinar os rudimentos da fé aos novos convertidos sejam bons despenseiros de Deus, ensinando antes de tudo pelo bom exemplo: “Em tudo te dá por exemplo de boas obras” (Tt 2.7), “sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza” (1Tm 4.12). Maus discipuladores geram maus discípulos! Discipuladores fiéis geram discípulos fiéis! Pastores, a quem está entregue a missão de discipular novos convertidos em sua igreja?

3. A mordomia no uso dos dons espirituais

Dons espirituais ou carismas são dotações espirituais e sobrenaturais que a Igreja recebeu de Deus para adoração e serviço. Em Marcos 16.17-18, Romanos 12.6-8 e em 1Coríntios 12.8-10 podem ser encontrados exemplos dos muitos dons espirituais disponibilizados aos servos e servas do Senhor.

Cremos piamente na contemporaneidade de todos os dons espirituais desde os dias dos apóstolos e continuarão em operação na Igreja até que venha “o que é perfeito” (1Co 13.10) e até que vejamos a Cristo “face a face” e o conheçamos perfeitamente como perfeitamente somos conhecidos por ele (1Co 13.12). Somente aí profecias desaparecerão e o dom de línguas cessará (1Co 13.8). Até que Cristo seja manifesto a nós, “nenhum dom vos falta” (1Co 1.7).

Todavia, não podemos nem ter obsessão compulsiva por dons espirituais a ponto de negligenciarmos o fruto do Espírito (isso nos transformaria em carismaníacos, como bem disse o pastor assembleiano norte-americano George Wood). Perceba que Paulo lista nove dons em 1Co 12.8-10 e também lista nove aspectos do fruto do Espírito em Gl 5.22,23. Isso deve chamar-nos a atenção para a necessidade do equilíbrio que precisa haver entre carismas e caráter, dons e fruto, unção e santificação!

Os dons espirituais não podem ser usados para promoção pessoal, criação de novas doutrinas ou para comercialização de bençãos divinas. Veja o que os autoproclamados “profetas das revelações profundas” no Facebook estão fazendo, negociando profecias sob o pretexto de estarem promovendo “campanhas”. A perdição desses muambeiros da religião, que usam palavras fingidas para enganar, já está determinada (2Pe 2.3). Somente pessoas incautas e leigas na Palavra caem na lábia destes profeteiros de plantão!

Quanto ao exercício dos dons espirituais na igreja, tudo deve seguir estes princípios:

  1. Deve haver utilidade, isto é, um fim proveitoso para a igreja no uso dos dons (1Co 12.7);
  2. A operação dos dons deve ser julgada pela igreja local, para averiguar a sua procedência espiritual (1Co 14.29; 1Ts 5.20,21; 1Jo 4.1);
  3. Pessoas não devem ser forçadas a manifestar os dons, pois é o Espírito que “realiza todas essas coisas, distribuindo a cada um, individualmente, conforme ele quer” (1Co 12.11);
  4. Edificação, exortação e consolo da igreja devem sem os objetivos no coração do crente que usa os dons espirituais (1Co 14.3);
  5. Tudo deve ser feito com decência e ordem (1Co 14.40).

E aos mordomos dos dons espirituais nunca pode faltar a principal de todas as virtudes: o amor. O amor, nas palavras de Paulo, é o “caminho ainda mais excelente” para o correto exercício dos dons espirituais (1Co 12.31 – 13.13). Sem amor, todos os dons espirituais são inúteis! Não adianta falar línguas estranhas e não falar a linguagem do amor, do perdão e da misericórdia!

II. A mordomia da ação social da igreja

1. A assistência social no Antigo Testamento

Deus que não faz acepção de pessoas (Rm 2.11), que faz justiça ao órfão e à viúva, e que ama o estrangeiro dando-lhe pão (Dt 10.18), sempre demonstrou cuidados para com os necessitados, não raras vezes ordenando aos mais abastados que provessem socorro aos pobres.

Desde a Lei de Moisés vemos o Senhor ordenando à “igreja do Antigo Testamento”, a saber o povo de Israel, que cuidasse dos mais pobres. Por exemplo: quando fosse feita a colheita no campo, os hebreus não deviam fazer uma “limpa geral” na lavoura, mas deveriam deixar para trás feixes de sua colheita para que o estrangeiro, o órfão e a viúva pudessem colhê-los e se alimentarem deles (Dt 24.19). Dos dízimos da colheita ao terceiro ano, os pobres também tinham direito de se alimentarem (Dt 26.12).

Os profetas no Antigo Testamento costumavam confrontar o povo quando este negligenciava o cuidado com os mais pobres. A justiça social é um dos temas predominantes nos livros proféticos. Não adiantava religiosidade sem amor pelo próximo; nem mesmo jejuns prolongados eram aprovados por Deus sem o exercício da misericórdia para com os necessitados (conf. Is 58.3-10).

Você certamente já ouviu o ditado “Quem dá aos pobres empresta a Deus”. Na verdade, esse é um provérbio bíblico, como se pode ver neste versículo: “Ao Senhor empresta o que se compadece do pobre, ele lhe pagará o seu benefício” (Pv 19.17). O livro dos Salmos diz assim sobre o homem justo: “Ele espalhou, deu aos necessitados; a sua justiça permanece para sempre, e a sua força se exaltará em glória” (Sl 112.9). Sobre a mulher virtuosa é dito que ela “Abre a sua mão ao pobre, e estende as suas mãos ao necessitado” (Pv 31.20). Temos sido este homem justo ou esta mulher virtuosa hoje em dia?

2. A assistência social no Novo Testamento

Jesus demonstrou cuidado com os mais pobres tanto vivendo próximo a eles (ele mesmo se fez pobre ao assumir a identidade humana – 2Co 8.9), como pregando o evangelho de salvação a eles e também curando-lhes as doenças (Mt 11.5), e ainda repartindo-lhes o pão para saciar-lhes a fome (Jo 6.1-13).

Os discípulos de Jesus seguiram os passos do Mestre, exercitando o socorro para com os necessitados. Isto se vê na instituição do diaconato na igreja, em virtude da necessidade de socorrer as viúvas crentes (At 6.1-6), e também na deliberação do primeiro concílio da igreja em Jerusalém, quando os missionários foram exortados a quem não esquecessem os pobres por onde passassem (Gl 2.10). Paulo mesmo mobilizou as igrejas em campanhas de arrecadação de suprimentos para outras igrejas carentes (conf. 2Co 8; 9). Havia na igreja em Éfeso um rigoroso programa de assistência social para as viúvas, conforme se vê nos critérios estabelecidos por Paulo em 1Timóteo 5.

Tiago, irmão do Senhor, resume em poucas palavras a verdadeira religião: “A religião pura e imaculada para com Deus e Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo” (Tg 1.27). De posse desta palavra, façamos uma autoanálise: temos sido verdadeiros cristãos? Vivemos esta religião pura e imaculada que se manifesta no amor ao próximo? O apóstolo João é enfático: “Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade” (1Jo 3.18).

3. Agindo para glória de Deus e alívio do próximo

Você certamente já ouviu falar numa renomada instituição internacional chamada “Exército da Salvação”, fundada pelo piedoso crente metodista William Booth (que viveu de 1829 a 1912). O seu lema era Sopa, Sabão e Salvação. Por quê? Explico.

Horrorizado pela pobreza e pelo sofrimento experimentado pelas pessoas na época da Inglaterra industrial, William Booth dedicou sua vida a trazer o Evangelho para os marginalizados da sociedade que jamais entrariam em uma igreja e não eram bem-vindos por lá. Aos 15 anos de idade, William orou: “Deus, o Senhor deve tomar tudo que há em William Booth“, e mesmo a resistência da igreja e do governo, o pouco sustento financeiro, ou os cruéis ataques por multidões insatisfeitas, puderam impedi-lo de espalhar a luz do Evangelho através das ruas da Inglaterra, levando alimento (“sopa”), suprimentos de higiene pessoal (“sabão”) e, acima de tudo, a Palavra de Deus aos perdidos (“salvação”).

Atualmente, em toda parte do mundo, o Exército de Salvação do General William Booth opera milhares de centros evangelísticos e de serviço social, transformando inúmeras vidas com o amor de Deus e a coragem de suas convicções. Não deve o zelo do nosso irmão Booth nos inspirar na ampliação de nossas atividades, levando-nos para além das quatro paredes e de quatro cultos semanais? Deus é glorificado em nossas boas obras, não somente em nossas palavras de louvor! (Mt 5.16). Boas obras não fazem pessoas salvas, mas pessoas salvas fazem boas obras.

III. A mordomia dos crentes na igreja local

1. É preciso congregar

Jesus garantiu aos seus discípulos se fazer presente em espírito sempre que dois ou três se reunissem em seu nome (Mt 18.20). Após a ascensão de Jesus, os discípulos se reuniam frequentemente no mesmo lugar (At 1.13,14; 2.1). Era comum os crentes se reunirem em casas, já que ainda não havia templos cristãos, para oração, louvor e edificação mútua (Rm 16.15; 1Co 16.19; Cl 4.15; Fm 1.2). Como toda ovelha deve ter um rebanho e um pastor, e como todo membro do corpo precisa estar ligado aos outros membros e todos unidos à cabeça, assim também o cristão precisa congregar numa igreja local e ser pastoreado!

É um equívoco dizer “A Igreja sou eu”, pois igreja é um termo coletivo (em grego ekklesia, que quer dizer assembleia, os que foram chamados, reunião). Da mesma forma, “Noiva do Cordeiro” é um termo que se aplica somente à coletividade dos salvos em Cristo e que desfrutam de comunhão uns com os outros. É estranho pensar num homem dizendo publicamente “Eu sou a noiva de Cristo” – poderá se fazer alvo de chacota por sua ingenuidade. Nós somos a Igreja! Nós somos a noiva de Cristo! Sempre coletivamente…

A Igreja (com “i” maiúsculo) é um organismo vivo, um corpo espiritual constituído de todos os salvos em Cristo em todo mundo, independente de etnia ou denominação. Antigamente se falava nela como “a igreja invisível”, pois somente Deus vê e sabe quem são os verdadeiros membros desta Igreja em sua totalidade. A esta Igreja estão ligados todos os que professam a fé genuína em Cristo Jesus e vivem em conformidade com sua Palavra. Cristo é o cabeça desse corpo espiritual! (Ef 4.15).

Mas apesar de todo salvo já fazer parte da Igreja, precisa saber fazer parte de uma igreja (com “i” minúsculo), isto é, de uma congregação local onde possa ser pastoreado, instruído e ter seus dons exercitados para glória de Deus e auxílio dos demais crentes. Paulo diz: “Do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor” (Ef 4.16). Você é um membro bem ajustado aos outros membros? Você está ligado aos outros irmãos na fé?

Ninguém pode ser crente vivendo isoladamente em sua casa ou nutrindo-se apenas de cultos nas redes sociais (mesmo que por motivo de enfermidade alguém se veja impedido de ir a uma igreja, poderá receber visitas da igreja em sua casa e assim manter-se em comunhão com o povo de Deus). Salomão dizia que o que se isola não é sábio (Pv 18.1), e Paulo falava da igreja que se reúne (1Co 14.26). A própria definição etimológica de igreja sugere ajuntamento de pessoas! Como pode alguém dizer que é igreja e ainda viver longe do ajuntamento do povo de Deus?!

O autor da Carta aos Hebreus, inspirado pelo Espírito Santo exorta: “Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia” (Hb 10.25). Observe que o desigrejamento não é um fenômeno novo, pois desde o primeiro século alguns já estavam se acostumando em deixar a congregação. Mas o Espírito Santo nos estimula a permanecermos congregando para mútua edificação. “Oh, quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!” (Sl 133.1).

2. Líderes cristãos como mordomos

Deus pôs lideranças na igreja (Ef 4.11), mas nenhum chefe! Não há caciques nem pajés dominando sobre o rebanho de Deus! Imperadores e déspotas não podem ter lugar entre os ministros do Senhor, pois o único soberano sobre a Igreja é aquele que disse “Eu edificarei a minha igreja” (Mt 16.18).

Líderes são mordomos, serviçais, obreiros aos quais o Senhor confiou o cuidado do rebanho. Paulo orienta os que presidem para que sejam cuidadosos (Rm 12.8), e Pedro adverte os líderes das igrejas locais a que não oprimam o rebanho: “Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho” (1Pe 5.2,3).

Neste sentido, Elinaldo Renovato comenta:

Existem obreiros que, à frente de uma igreja – principalmente se for uma igreja grande –, não têm postura de servos e mais se parecem marajás, presidentes de multinacionais ou com generais! São inacessíveis aos humildes servos de Deus. Para falamos com eles, a burocracia é enorme. Precisamos falar com o secretário, marcar uma reunião, e, muitas vezes o irmão não pode nem chegar perto do líder por questões “de segurança”. Tais pessoas estão precisando fazer parte da “diaconia da bacia e da toalha”. [3]

A referência à diaconia da bacia e da toalha, nas palavras do comentarista acima nos remete ao episódio em que Jesus, sendo Mestre e Senhor, se cingiu de uma tolha, tomou uma bacia e lavou os pés de seus discípulos, deixando-nos exemplo de humildade e serviço em favor do próximo (Conf. Jo 13). A liderança que Deus se agrada é a liderança servidora!

3. A mordomia dos membros e congregados

Embora Deus tenha estabelecido lideranças na Igreja, isso de modo algum implica em que somente os líderes tenham responsabilidades para com a igreja local ou que somente eles deverão prestar contas a Deus. Todos os crentes têm deveres a cumprir, auxiliando seus irmãos na fé e cooperando com seus pastores locais. Como diz uma estrofe do hino 93 da Harpa Cristã,

Para cada crente, o Mestre preparou
Um trabalho certo, quando o resgatou,
O trabalho a que Jesus te chama aqui.
Como será feito, se não for por ti?

A igreja não é como um ônibus, que só um dirige enquanto os outros ficam confortavelmente sentados pedindo parada onde bem entenderem. A igreja mais se assemelha, por metáfora, a um barco de canoagem, onde todos os ocupantes precisam tomar o remo nas mãos e remarem conjuntamente, em sincronia, para que todos alcancem um mesmo fim! Desse modo, pergunto: na igreja, “que ocupação é a tua?” (Jn 1.8). Deus também te entregou talentos, que fazes com eles? Que terás para apresentar ao Senhor quando ele voltar e te pedir contas do teu trabalho?

Conclusão

Que ao término desse estudo possamos todos estar revigorados para servir nossas igrejas locais. É um privilégio fazer parte da família do Senhor, mas igualmente é uma responsabilidade sermos membros da Igreja universal e da igreja local. Descubramos qual a nossa vocação e empenhemo-nos nela! Nunca perdendo de vista nossa mui digna posição: servos de Jesus Cristo e de Sua Igreja!

_____________
Referências
[1] Antônio Gilberto. Teologia Sistemática Pentecostal, CPAD, p. 185
[2] Donald Gee. Depois do Pentecoste, Vida
[3] Elinaldo Renovato. Tempo, bens e talentos…, CPAD, pp. 67,8

Trending

Sair da versão mobile