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opinião

A minha casa em ordem e Mary Poppins

A arte é tecida pela vida? Sim, arte é sempre um espelho do que vemos na vida

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Muitos conhecem o musical produzido pela Disney da babá mágica, Mary Poppins. Mas, você conhece a escritora que deu vida a este personagem enigmático? O que ela tem a ver com a arrumação de sua casa? Confira.

Tudo começou com a filha de Wall Disney, Diane, que pediu para que o pai comprasse os direitos autorais do livro “Mary Poppins” para o transformar em filme, isso ainda pelos idos de 1940. Walt Disney tentou, no entanto, demorou cerca de 20 anos para que ele conseguisse cumprir a promessa feita à filha e finalmente convencer Pamela Lyndon Travers, a autora, a lhe conceder tal autorização.

A resistência à ideia de vender seu livro à Wall Disney era o temor de que seus personagens fossem transformados em produtos comercialmente frívolos e que estes se distanciassem por completo daquilo que ela criara. E ela estava certa quanto a este aspecto, é só ver o que a Disney fez nesse último lançamento com o clássico A Bela e a Fera. Mas, esta resistência à ideia de vender os direitos autorais teve fim quando Pamela viu suas finanças chegarem bem perto do precipício. Aí ela finalmente concordou em fechar negócio com o milionário, isto em 1961.

Eu não tinha ciência sobre toda a trama que envolveu essa negociação até assistir, recentemente, um outro filme, “Wall nos bastidores de Mary Poppins”. Esta película conta um pouco sobre o embate que houve entre o grande empreendedor do mundo mágico e a sensível escritora, em uma negociação, no mínimo delicada.

E como foi esta transação? Foi muito difícil devido ao temperamento de Pamela, e como ela não concordava com quase nada do que os produtores sugeriram. Ela interferia em tudo o tempo todo.

Quanto todos estavam exaustos e desanimados de lidar com ela, Wall Disney começou a perceber que este livro, Mary Poppins, não era simplesmente uma ficção, mas, uma autobiografia.

A autora, ao escrever Mary Poppins, e depois ao participar da montagem do roteiro para o filme, no fundo, no fundo, estava abrindo uma caixa de memórias amargas da sua própria vida, e da sua infância entristecida pela morte prematura de seu pai, que era amoroso, mas que lutava contra o vício do álcool e por causa disso não parava em emprego nenhum. E também sobre a figura de sua mãe, uma mulher instável e fraca que não conseguia pôr ordem na casa.

Disney descobriu também que a governanta Mary Poppins, na vida da escritora, era a sua tia rica, firme e disciplinada que chegou em um momento caótico, quando a casa da família de Pamela estava em um estado abismal. Quando seu pai estava muito doente a tia chegou para dar jeito em quase tudo. Depois que se sabe destas verdades da vida de Pamela a comparação da babá e seus poderes mágicos com sua tia salvadora se impõe naturalmente.

No conto, a governanta Mary Poppins e seu amigo Bert é que dão jeito em tudo. Ela chega voando em um guarda-chuva e começa a pôr ordem, na linguagem das crianças, na disciplina, na arrumação da casa, faz com que as crianças possam até saborearem um pouco de açúcar e serem felizes por isso, e porque não? E acima de tudo, ela transforma o coração duro do pai, um banqueiro atarefado e que não tem tempo para a sua família, e ainda consegue amenizar a vida de uma mãe transloucada, que não tinha a menor ideia em como lidar com suas crianças.

Wall Disney percebeu que essa fada Mary Poppins era na verdade o desejo secreto de uma criança por um lar ajustado, alegre e mágico, com a presença constante de uma mãe cuidadora e de um pai presente.

O empreendedor Wall Disney percebeu ainda que Pamela pintara no livro a imagem de um pai rude porque estava decepcionada com a morte inesperada dele e o culpava por tê-los abandonado tão cedo. Mas, ela o amava e o admirava mais que tudo. Então ele decidiu que o filme Mary Poppins iria fazer o resgate desse personagem, e bem no finalzinho do musical essa redenção é feita.

A arte é tecida pela vida? Sim, arte é sempre um espelho do que vemos na vida. O sábio de Eclesiastes disse que não há nada de novo debaixo do sol.  E esse filme me tocou bastante porque fiquei muito reflexiva a respeito de como é difícil a vida familiar, e isso é para todos. Talvez, muitas mães e muitos pais estejam, neste exato momento sofrendo com a direção que suas casas estão tomando, sem terem nenhuma condição de reação. Por hora o que eles têm é somente cansaço, temor e preocupação.

E não poucas crianças também estão, neste instante, bem no meio de um caos. Talvez estejam olhando para cima esperando que uma fada surja voando em um guarda-chuva, e que ela desça em suas casas trazendo uma bolsa cheia de soluções mágicas.

Todavia, também lembrei que o que é bom vem de cima, do Pai das luzes, e que este Pai bondoso realiza a mais verdadeira e genial obra nos corações e que redime lares, pais e filhos. E a verdadeira mágica fica por conta do seu filho Jesus Cristo que une os corações aflitos. E esta relação do Pai celestial com seus filhos está bem descrita no Salmo 145, quando diz.

“O SENHOR apoia os que estão caindo e levanta os que estão prostrados. Os olhos de todos se voltam em sua direção, esperando o seu sustento, sempre na hora certa. Dia e noite, sem parar, abre a sua mão e derrama a sua bondade sobre todos os seres vivos.

O SENHOR é justo em todos os seus planos e mostra o seu amor fiel em tudo que faz. Ele se aproxima de todos os que pedem a sua ajuda, que clamam por ele com um coração sincero. Ele atende aos pedidos daqueles que amam e obedecem as suas leis; ouve as orações e salva quem pede ajuda”.

Fica como sugestão este filme. Assista e se inspire. O filme Mary Poppins ocupa a sexta colocação na lista dos 25 maiores musicais americanos de todos os tempos.

Jornalista e escritora, com um livro publicado "Feminilidade Bíblica - Repensando o papel da mulher à luz de cantares", e também escritora de livro didático. Casada com Nelson Ferreira, pastor da IPB, mãe da Acsa e avó da Clarisse. Em breve publicará seu primeiro romance .

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