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estudos bíblicos

A humildade e o amor desinteressado

Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 13 do trimestre sobre “As Parábolas de Jesus”

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Pela graça de Deus chegamos ao final de mais um trimestre e também de um ano letivo em nossa Escola Dominical. A última Lição baseia-se em duas parábolas contadas por Jesus na casa de um importante fariseu, como narra o evangelista Lucas. Estas parábolas (alguns intérpretes as veem como uma só parábola) tratam de virtudes imprescindíveis de um verdadeiro servo de Cristo: humildade e amor para com os necessitados. Bom estudo!

I. Interpretação da parábola dos primeiros lugares e dos convidados

  • Contexto

Era um dia de sábado, o momento era de uma refeição (possivelmente um jantar ou ceia após a reunião sabatina na sinagoga), a casa era a de um anônimo, porém, importante fariseu, um archonton ton pharisaion, isto é, um dos principais dos fariseus. As duas parábolas (ou discursos parabólicos como se pode preferir) não foram dirigidas aos discípulos de Jesus nem às multidões que frequentemente o acompanhavam, mas respectivamente aos ilustres convidados e ao próprio anfitrião. Todavia, as lições de ambas as parábolas servem a todos os que buscam um genuíno e completo discipulado!

As parábolas são precedidas por uma ilustração viva do amor inclusivo de Jesus Cristo: ele curou na casa do fariseu, diante de seus olhos e dos demais convidados um homem que sofria de hidropsia (um inchaço das partes do corpo devido ao acúmulo anormal de líquido nos tecidos). Se aquele homem chegara àquela festa sem ser convidado almejando a cura ou fora ali introduzido e usado pelo próprio anfitrião da casa junto com seus comparsas como uma cilada para o Senhor [1], fato é que Jesus foi misericordioso para com ele e o curou da sua doença, mandando-o para casa em seguida, provavelmente “para livrá-lo destes críticos” [2].

De uma forma ou de outra, Jesus sabia que a presença daquele homem não era bem-vinda na reunião, ainda mais agora que ele se tornara um exemplo vivo do poder e da autoridade de Jesus, que os fariseus buscavam destruir publicamente! A expressão “eles o estavam observando” (Lc 14.1) significa que que religiosos “estavam observando, de lado (sorrateiramente), vigiando traiçoeiramente, com más intenções” [3]. Assim sendo, nem o doente nem Jesus eram de fato bem-vindos àquela casa, e a pretensa hospitalidade do fariseu era na verdade um pretexto para sua hostilidade. Jesus, porém, não se deixou intimidar, antes passou a confrontar os convidados e também ao próprio fariseu que o convidara – que ousadia a do nosso Senhor! A alguns presentes, aquela refeição ficou entalada na garganta; a outros, ela deve ter descido com um sabor amargo. Foram capturados por seus próprios laços!

  • A parábola dos primeiros lugares (14.1-11)

Visto que aquele anfitrião não era um religioso qualquer, nem um desconhecido, mas um dos principais dos fariseus, podemos imaginar quantos convidados almejavam sentar-se perto dele para assim sentirem-se privilegiados na casa. Jesus mesmo observou atenciosamente que os convidados “escolhiam os primeiros lugares” (Lc 14.7), que eram os mais próximos do anfitrião. Até hoje, mesmo em círculos evangélicos, continua sendo assim: muitos procuram assentos mais próximos aos pregadores e cantores famosos, ou fazer suas selfies junto de autoridades eclesiásticas, para então ganharem visibilidade e depois saírem espalhando que são amigos de “gente importante”. Esta vaidade tem infestado muitas de nossas igrejas!

Naquela época e na cultura judaica em que Jesus estava inserido, as mesas não eram tão altas como hoje, e as pessoas não exatamente sentavam-se em poltronas para as refeições. As mesas das refeições se assemelhavam muito mais às nossas mesas de centro, que temos em nossas salas, eram mais próximas do chão; os homens se sentavam no chão ou nalguma espécie de tapete para então se alimentarem. Nalgumas culturas asiáticas essa prática ainda é comum. Fato é que onde quer que o anfitrião da casa se sentasse, sentar-se ao seu lado (“os primeiros assentos”) era sinal de honra. E era isso que aqueles convidados buscavam: honra para si mesmos, ainda que disputando egoisticamente como crianças indisciplinadas [4] os melhores lugares.

Jesus, então, que era o grande convidado daquela casa, porém, desprovido de orgulho (Boyer, inclusive, sugere que ele ocupava o assento mais humilde na casa do fariseu, quando passou a ensinar essa lição [5]), toma a palavra e adverte de forma ilustrativa os convidados com “uma parábola” registrada nos versículos 8 a 11. É uma parábola sobre os primeiros lugares numa festa de casamento (ou bodas).

Como observado por Ian Howard Marshall, “uma festa de casamento era reconhecidamente um símbolo para o Reino de Deus e suas bem-aventuranças celestiais” [6]. Portanto, esta parábola de Jesus não é sobre regras de etiqueta para um bom comportamento em ambientes sociais, mas um ensinamento profundamente espiritual sobre nossa posição no reino de Deus. Somos egoístas, arrogantes e presunçosos, sempre cobiçando posições de prestígio para sermos vistos pelos homens e ovacionado por eles, mesmo que ao custo do menosprezo do outro, ou temos sido “simples como as pombas” (Mt 10.16), reconhecendo nosso lugar e tributando ao outro maior honra e prestígio? Como sempre, as parábolas de Jesus tencionam levar-nos à reflexões e mudança de postura.

  • A parábola dos convidados (14.12-14)

Agora a atenção de Jesus volta-se ao anfitrião da casa, o importante fariseu, que a esta altura, após a cura do hidrópico e a repreensão feita aos demais convidados, certamente já estava embaraçado. O Senhor não receia chamar o fariseu à atenção e tocar-lhe a ferida, mas com autoridade de mestre lhe propõe que ao oferecer um jantar ou ceia inclua também na lista de convidados os marginalizados, os que vivem na periferia da sociedade, os desvalidos que não têm provisões, e os doentes, como no caso do hidrópico que estava ali presente no início da reunião, mas que não fora convidado sinceramente.

Esta parábola não é sobre a proibição de se convidar parentes e amigos ou mesmo pessoas de prestígio social para as festas (isso seria uma espécie de discriminação e preconceito às avessas), mas uma parábola sobre o amor abnegado, que se importa, que busca e que reparte com o outro que não tem como sustentar-se ou retribuir o favor oferecido. Marshall explica:

Por um lado, Jesus não está condenando abertamente a realização de uma festa para familiares ou amigos – ele mesmo frequentava tais festas (Jo 2.1-11). A expressão do tipo “não faça isso, mas faça aquilo” foi utilizada algumas vezes (como aqui) com o sentido de “Não faça (apenas) isso, mas faça (antes e também) aquilo”. Jesus está condenando a atitude de quem faz o bem sobretudo por causa de uma recompensa terrena, tangível. [7]

Agora perceba: se os fariseus espreitavam Jesus com o fim de pegá-lo em transgressão dalgum mandamento, eles próprios é que foram flagrados descumprindo os princípios do amor, da compaixão e do altruísmo para com os menos favorecidos! Reiteradas vezes Moisés ensinara sobre incluir as pessoas carentes nas festas. Por exemplo:

“Ao final de cada três anos, tragam todos os dízimos da colheita do terceiro ano e armazene-os em sua própria cidade, para que os levitas, que não possuem propriedade nem herança, e os estrangeiros, os órfãos e as viúvas que vivem na sua cidade venham comer e saciar-se, e para que o Senhor, o seu Deus, o abençoe em todo o trabalho das suas mãos” (Dt 14.28,29)

“E alegrem-se perante o Senhor, o seu Deus, no local que ele escolher para habitação do seu Nome, junto com os seus filhos e as suas filhas, os seus servos e as suas servas, os levitas que vivem na sua cidade, os estrangeiros, os órfãos e as viúvas que vivem com vocês” (Dt 16.11)

Se buscavam transgressão em Jesus, encontraram-no na verdade em perfeita sintonia com a lei de Moisés! Seu cuidado com os menos favorecidos demonstrava seu amor para com o próximo, conforme o segundo maior mandamento em que toda lei podia ser resumida. E nós, estamos na mesma sintonia?

II. As grandes lições da parábola e a inversão da lógica humana

  • A lição da humildade e da abnegação

Embora a primeira parábola de Lucas 14, sobre os primeiros lugares, tenha sido contada aos convidados do ilustre fariseu, ela não deixa de ter uma aplicação aos discípulos de Jesus, visto que mesmo eles, não raro, disputavam os primeiros lugares no reino de Deus, como se vê em Mateus 18.1-4, Marcos 10.35-45 e Lucas 22.24-30. Jesus reiteradas vezes precisou ensinar-lhes a importância da humildade e da posição do servo. E ensinou-lhes não apenas com palavras, mas na prática – aliás, sua encarnação e morte na cruz são a maior prova de sua posição de servo e do seu amor abnegado (Fp 2.5-11; Is 53). Ele é o “Mestre e Senhor” (Jo 13.13) que se encurvou diante de seus discípulos para lavar-lhes os pés, deixando-nos o exemplo de humildade e serviço. “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”, dizia Jesus enquanto convidava os pecadores para irem a ele (Mt 11.29).

Num mundo de tanta competição acirrada pelos mais altos e importantes cargos e posições, onde tudo é feito em nome da prosperidade e conquistas pessoais, inclusive falsificação de documentos, bajulação de poderosos, difamação do próximo, barganhas e até almas que se vendem ao diabo (!), esta parábola de Jesus vem bem a calhar: acomodemo-nos aos lugares humildes, sejamos livres dessas ambições loucas e perniciosas, despojemo-nos de toda vaidade pessoal, demos preferência ao outro e se a exaltação vier, concedida a nós por quem está acima de nós – na parábola, o anfitrião do casamento é uma figura apropriada para Deus, pois somente Ele “humilha” e “exalta” (v. 11) com justiça –, então não teremos de que nos envergonhar.

O apóstolo Paulo nos exorta a que sejamos humildes e altruístas em nossa relação com o próximo: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros” (Fp 2.3,4). Por natureza, devido as nossas inclinações carnais e corrupção adâmica, somos todos orgulhosos, ambiciosos e egoístas, mas se deixarmos a graça de Deus operar em nós, ela nos ensinará a renunciarmos nossas impiedades e ambições desenfreadas do mundo, para que “vivamos neste presente século sóbria, justa e piedosamente” (Tt 2.12).

  • A lição do acolhimento e da inclusão

Tal como o jantar ou ceia para qual os pobres e doentes devem ser convidados, o reino de Deus é inclusivo e assim devem ser nossas festas cristãs: miniaturas do reino de Deus, abrigando e servindo os menos favorecidos. “Os cegos veem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho”, disse Jesus aos discípulos de João Batista (Mt 11.5). Os cristãos da igreja primitiva foram exortados a que não se esquecessem dos pobres (Gl 2.10), nem deixassem de praticar a hospitalidade (Rm 12.13; Hb 13.2; 1Pe 4.9). Somos instruídos a dar o mesmo tratamento a todos, bem como a estar “dispostos a associar-se a pessoas de posição inferior” (Rm 12.6, NVI). O mundo exclui, mas o reino de Deus inclui! Essa deve ser a nossa ética.

A sabedoria antiga nos ensina que “Deus é mui grande, contudo a ninguém despreza” (Jó 36.5). Onde estaríamos nós neste momento, se o reino de Deus fosse destinado apenas aos príncipes, sábios e nobres conforme os padrões deste mundo? Certamente você não estaria lendo esse texto, nem eu mesmo o teria escrito! Mas graças a Deus que “escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são” (1Co 1.27,28).

Nossas festas especialmente devem ser festas de inclusão e não de exclusão! Como temos recebido os pobres e enfermos em nossas igrejas? Temos dado condições para os aleijados, mancos e paralíticos tomarem parte em nossos cultos? Ao menos nossos templos dispõem de acessibilidade para portadores de deficiências físicas ou necessidades especiais? Temos deixado muitos cadeirantes de fora de nossas festas cristãs pelo simples fato de que muitos de nossos templos não dispõem de rampas de acesso para eles! Igualmente muitos surdos sentem-se desestimulados a frequentarem nossos cultos, porque é quase impossível encontrar próximo de suas casas uma igreja que ofereça interpretação com linguagem de sinais. Há alguns casos específicos de enfermidades que impedem o doente de locomover-se; devemos abandoná-los por isso, ou levar a eles a companhia, amor e celebrações que manifestamos em nossos templos? Precisamos voltar urgente ao modelo de igreja no lar, praticado comumente pelos crentes primitivos (Rm 16.5; 1Co 16.19; Fm 1.2; Cl 4.15), sem, contudo, deixarmos de frequentar os cultos no templo (At 2.46).

E as crianças, tão dependentes que são dos adultos, têm recebido atenção necessária para seu ingresso no culto ao Senhor e desenvolvimento espiritual? Ou as temos ignorando em nossas pregações e serviços eclesiásticos? Jesus costumava colocar as crianças em lugar de destaque em seu ministério, especialmente devido o mundo de sua época considera-las de menor importância na escala social (Mt 18.2). O apóstolo João, cognominado “apóstolo do amor”, tinha tão grande estima pelas crianças que escreve sua primeira carta dirigindo-se também a elas com muita afetuosidade: “filhinhos (gr. paidia – crianças), eu lhes escrevo porque vocês conhecem o Pai” (1Jo 2.14a, NVI). Olhemos para as nossas crianças com carinho, especialmente em nossas escolas dominicais, provendo para elas professoras amáveis, ensino de qualidade, salas bem climatizadas, com mobília adequada e recursos audiovisuais que auxiliem na comunicação do santo evangelho de Jesus Cristo aos pequeninos! Não foi movido por grande compaixão pelas crianças que o irmão Robert Raikes iniciou o movimento de escolas dominicais em Gloucester, Inglaterra, século 18? Atentemos para a advertência de Jesus: “Cuidado para não desprezarem nem um só destes pequeninos! Pois eu lhes digo que os anjos deles nos céus estão sempre vendo a face de meu Pai celeste” (Mt 18.10, NVI).

As parábolas dos primeiros lugares e dos convidados foram contadas no mesmo dia, no mesmo lugar e aos mesmos ouvidos, para que aprendamos que humildade e amor devem andar juntos e serem inseparáveis! O coração humilde busca trilhar o excelente caminho do amor (1Co 12.31-13.7).

III. A recompensa da humildade e do altruísmo

  • Os humildes serão exaltados

Na parábola dos primeiros lugares, aprendemos que há um galardão para cada um segundo as suas obras (Ap 22.12). Galardão é salário, pagamento, e o pagamento para os que vivem orgulhosamente, ambicionando posições altivas é a humilhação, ao passo que o salário dos que trabalham humildemente é a exaltação (Lc 14.11; Conf. 1Pe 5.6). A sabedoria dos Provérbios nos ensina que “Antes da sua queda o coração do homem se envaidece, mas a humildade antecede a honra” (Pv 18.12, NVI). No reino espiritual, Deus é o grande anfitrião que chamará para perto dele os humildes, mas mandará para longe os orgulhosos. Os que buscam ser mais que os outros, no final verão que nada são; os que compreendem serem pequenos, no final serão colocados em alta posição! A irmã Ana, mãe de Samuel, já cantava com muita alegria que o nosso Deus “Levanta o pobre do pó, e desde o monturo exalta o necessitado, para o fazer assentar entre os príncipes, para o fazer herdar o trono de glória” (1Sm 2.8). A promessa de Jesus é: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5.3). Então pra quê tanto orgulho? Pra quê tanta soberba e competição pelos primeiros e melhores lugares?!

Jesus Cristo é o nosso grande exemplo de humilhação (não confundir com autocomiseração ou complexo de inferioridade, o que precisam serem tratados!). Ele, sendo Deus, não se apegou à sua glória e majestade divina, antes “esvaziou-se a si mesmo” com vistas a cumprir o maravilhoso plano de redenção das nossas almas. Entretanto, cumprida cabal e abnegadamente a sua missão, “Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome” (Fp 2.9, NVI). Aquele que “desceu às partes mais baixas da terra” (Ef 4.9) foi “recebido em cima no céu” (At 1.11) e exaltado acima de tudo e de todos! Aprendamos com Cristo: é preciso descer para poder subir!

Agostinho, bispo de Hipona, dizia: “foi o orgulho que transformou anjos em demônios; é a humildade que faz homens serem como anjos”. Se persistirmos no caminho da soberba, cairemos no precipício da vergonha eterna; se não aprendermos o caminho da humilhação, jamais chegaremos ao monte da exaltação! Como diz o belíssimo hino da Harpa Cristã, com tradução da missionária Frida Vingren:

Quem quiser de Deus ter a coroa,
Passará por mais tribulação;
Às alturas santas ninguém voa,
Sem as asas da humilhação;
O Senhor tem dado aos Seus queridos,
Parte do Seu glorioso ser;
Quem no coração for mais ferido,
Mais daquela glória há de ter. [8]

  • O amor desinteressado será por Deus recompensado

Na parábola dos convidados, Jesus diz ao importante fariseu e anfitrião da casa que o convite estendido aos pobres e doentes para participarem da festa redundará em recompensa na eternidade. O favor feito a quem não precisa tem sua recompensa nesta vida terrena, quando o outro devolver a cortesia do banquete que lhe oferecemos; mas o favor feito por quem precisa terá sua recompensa na “ressurreição dos justos” (Lc 14.14), quando nem um só copo de água fria dado a um discípulo de Cristo com verdadeira generosidade deixará de receber o seu galardão! (Mt 10.42)

Se ponderássemos com muita franqueza estas palavras de Jesus, abandonaríamos de imediato toda forma de bajulação, e passaríamos a agir com sincera devoção em favor daqueles que precisam. A Palavra de Deus nos assegura: “Ao Senhor empresta o que se compadece do pobre, ele lhe pagará o seu benefício” (Pv 19.17). Sobre a partilha com quem precisa e a colheita que é garantida, Salomão exorta-nos: “Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás” (Ec 11.1). E ainda mais: “O generoso prosperará; quem dá alívio aos outros, alívio receberá” (Pv 11.25). Você crê nisso?

Ao final deste estudo, meditemos desapressadamente nas palavras de exortação da carta aos Hebreus, dirigidas àqueles primeiros crentes, mas por extensão a nós também, e assumamos com Deus o compromisso de sermos mais compassivos, misericordiosos, gentis e benignos nesse novo ano que se avizinha:

“Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores, e coisas que acompanham a salvação, ainda que assim falamos. Porque Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra, e do trabalho do amor que para com o seu nome mostrastes, enquanto servistes aos santos; e ainda servis. Mas desejamos que cada um de vós mostre o mesmo cuidado até ao fim, para completa certeza da esperança; para que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que pela fé e paciência herdam as promessas” (Hb 6.9-12)

Não é errado servimos aqui almejando a recompensa, desde que seja a celestial e não a terrena! Como dizia Paulo, “todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível” (1Co 9.25). Este apóstolo sabia que ao final de sua lida uma coroa lhe esperava no céu (2Tm 4.8). Foi o próprio Jesus que nos exortou a acumularmos “tesouros no céu” (Mc 6.20). Assim sendo, enquanto temos tempo, saúde e condições, façamos o bem a todos! (Gl 6.10). Partilhemos coisas boas com sete ou ainda com oito (Ec 11.2). E que nossa grande motivação seja o amor pelo próximo, o amor que é includente e não excludente; e que nossa esperança seja a ressurreição dos justos, na qual tomaremos parte e recompensas se não desfalecermos!

Conclusão

Deixemos que os ensinos de Cristo falem aos nossos corações e peçamos ao Pai que por seu Espírito produza em nós o caráter humilde e abnegado do nosso Senhor. Se em nós for gerado e amadurecido o fruto do Espírito (Gl 5.22), não nos faltará a moderação ou temperança que nos faz humildes, nem faltarão o amor, a benignidade e a bondade pelos quais estaremos sempre dispostos e providos de recursos para ajudar e abençoar quem realmente precisa! E não nos esqueçamos: o banquete que repartimos não precisa ser uma grande ceia de Natal, pode ser um mero bolo como o que a pobre viúva de Sarepta repartiu com Elias, e tão logo viu a multiplicação acontecer milagrosamente em sua casa. Ninguém é tão pobre que não tenha algo que partilhar com outro mais necessitado.

Resta-me agora desejar a todos um Feliz ano novo na presença do Senhor, e que assumamos todos diante Dele o compromisso de lhe sermos fiéis em 2019!

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Referências

[1] Charles Childers. Comentário Bíblico Beacon, vol. 6, CPAD, p. 445
[2] A.T. Robertson. Comentário Lucas à luz do Novo Testamento Grego, CPAD, p. 262
[3] A.T. Robertson, Op. cit., p. 261
[4] Charles Childers. Op. cit., p. 446
[5] Orlando Boyer. Espada cortante 1, CPAD, p. 127
[6] I. H. Marshall. Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova, p. 1510
[7] I. H. Marshall. Op. cit., p. 1511
[8] hino 126 da Harpa Cristã, CPAD

Casado, bacharel em teologia (Livre), evangelista da igreja Assembleia de Deus em Campina Grande-PB, administrador da página EBD Inteligente no Facebook e autor de quatro livros.

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