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opinião

A atual distorção da visão sobre o casamento

Mesmo dentro de redutos cristãos, muitas pessoas afirmarem que, os que se casam com menos de 25-30 anos não aproveitaram nada da vida. O que seria “aproveitar a vida” para estas pessoas?

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No dia 14 de julho de 2017 tive o privilégio de participar da linda cerimônia de casamento de um grande amigo. Uma cena bastante incomum para esta modernidade líquida de amores líquidos[1]. Incomum pelo fato de o noivo ter 22 anos e a noiva ter 19 anos. Não que eu pense que realmente isto seja incomum, pelo contrário, dada a história dos noivos este casamento não poderia ter ocorrido em melhor hora. Mas, talvez você esteja se perguntando: o que este texto tem a ver com um site de colunas cristãs?

Simplesmente, tudo. A família como instituição divina, fundamento de qualquer sociedade, possui a sua origem e defesa presentes na bíblia sagrada. Como cristãos que somos sabemos que a bíblia sagrada é o livro do povo de Deus, que remete à história da redenção da raça humana na singularidade da pessoa divino-humana de Jesus Cristo. Sabemos ainda que este livro, talvez, seja o livro mais mal compreendido deste tempo em decorrência do relativismo e da hermenêutica do politicamente correto[2], ou seja, daquilo que atualmente se entende e se pratica em função de uma interpretação altamente adaptativa aos ditames sociais progressistas da contemporaneidade.

Dito isto, se observa com certa facilidade, sobretudo nos ambientes acadêmicos, o quanto a cultura de subversão ao casamento e os ataques à noção de família tem roubado a cena neste tempo. Falar em casamento, família e filhos tem sido quase que um atentado aos movimentos de cunho progressista, uma vez que suas agendas remetem a programas de combate à família tradicional. Não era para menos, pois, seja nas obras de Marx e Engels[3], seja nas de seus sucessores o plano sociopolítico de destruição da família é amplamente assimilado e disseminado por professores, artistas, políticos, etc., todos a serviço da revolução cultural.

Como exemplo desta revolução cultural impregnada no pensamento contemporâneo, o sociólogo francês Pierre Bourdieu, de extirpe marxista, sistematizou a revolta no conceito de excluído e de violência simbólica, onde acusa o próprio ambiente de sala de aula como ambiente de dominação velada incutida na cabeça dos alunos, de forma indireta e inconsciente. A professorada progressista adora este tipo de aula e inculca a todo o momento na cabeça de seus alunos que estes são vítimas de uma educação que, antes de tudo serve apenas aos interesses de uma agenda conservadora e burguesa.

Deste modo, muitos alunos que sofrem de problemas oriundos da desestruturação de suas famílias, encontram apoio neste tipo de ensino que os faz acreditar que seus problemas pessoais podem ser legitimados por teorias contrárias à noção de família tradicional. Por exemplo, infelizmente existem vítimas de violência sexual, muitas vezes, violentadas por seus próprios familiares. Estas vítimas acabam tendo mudanças abruptas em seu comportamento e expressão de sua sexualidade que vão diretamente ao encontro da concepção de sexo tradicional: entre homem e mulher. Muitos dos jovens que vivem este drama atacam outros jovens que objetivam um casamento lindo, com marido e esposa respeitosos e, posteriormente, com filhos que sejam fruto de uma união abençoada por Deus.

Não muito longe desta situação deplorável encontramos, mesmo dentro de redutos cristãos, muitas pessoas afirmarem que, os que se casam com menos de 25-30 anos não aproveitaram nada da vida. O que seria “aproveitar a vida” para estas pessoas? Não seria um dos maiores trunfos da vida ter a certeza da pessoa amada, além de poder aproveitar todos os momentos da vida ao seu lado? Afinal de contas, como está escrito em Provérbios 18.22: Quem encontra uma esposa descobre algo excelente: recebeu uma bênção especial do Senhor.

Diante disso constata-se, pelo menos um importante corolário: pessoas com más experiências de vivência familiar tendem a desacreditar na possibilidade de casamentos felizes e de famílias que se amam e, portanto, passam a odiar e a lutar contra esta instituição. É por isso que o marxismo cultural com seu viés antirreligioso e, sobretudo, anticristão tem sido um “prato cheio” para a juventude deste tempo que tenta, a todo esforço, encontrar uma cosmovisão que aplaque suas dores e alimente seus prazeres a qualquer custo.

Quanto aos jovens noivos citados no inicio do texto, que Deus conserve esta união até o fim de suas vidas. Não somente a deles, mas de todos os casais que se amam e, também, daqueles que sonham com um casamento segundo a vontade de Deus.

[1] Termos cunhados pelo grande sociólogo polonês Zigmunt Bauman.

[2] Forma de interpretação bíblica que não visa à verdade, mas visa moldar as assertivas bíblicas buscando neutralidade, a fim de evitar “discriminações” a certas camadas e grupos sociais.

[3] Algumas obras de Karl Marx e Friedrich Engels acerca dos ataques à família: Manifesto Comunista; A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, entre outros.

Apologista cristão por vocação. Mestrando em Ciências da Religião pela PUC-Campinas-SP. Formado em Filosofia também pela PUC-Campinas-SP e em Teologia pelo Seminário Teológico Batista Independente de Campinas-SP.

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