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7 desafios da chamada ao discipulado

A chamada de Jesus Cristo ao discipulado, sendo ela em si mesma um desafio tremendo, também está recheada de desafios em diversos sentidos.

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Homens escalando a montanha. (Foto: Frantisek Duris / Unsplash)

Inspirando-nos no caso da chamada de Pedro, André, Tiago e João para seguirem Jesus de Nazaré, fazendo dele o seu Mestre, em especial segundo o texto bíblico de Mateus 4:17-22, destacaria sete destes desafios.

Desafio ao arrependimento

“Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” (Mateus 4:17). O primeiro desafio de todos é o arrependimento. Ninguém pode ser discípulo do Mestre da Galileia se primeiro não se arrepender e virar para Deus. João Baptista, que tinha sido até aí o grande pregador do arrependimento, e que ministrava o baptismo do arrependimento, acabara de ser preso. Essa mensagem era perigosa, e quem a abraçava tinha que ter coragem.

Resta saber quantos dos que hoje enchem os nossos templos são de facto convertidos, isto é, passaram pelo processo de arrependimento e salvação, e quantos são apenas curiosos ou animados por outras motivações.

Desafio à obediência

“E disse-lhes: Vinde após mim” (v19a). Obedecer a Deus não é uma opção, mas uma ordem. A ideia tradicional de que temos que aceitar Jesus é uma ideia muito fraca. O que temos é de seguir os seus passos, ouvir a sua voz e obedecer-lhe. Não fazemos o favor de o aceitar. Ele é que nos chama a segui-lo por misericórdia.

 Desafio a um propósito de vida

“E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” (v19). O Mestre chamava-os duma vida sem grande sentido para o verdadeiro sentido da vida. Tiago e João consertavam as redes, segundo um dos evangelhos e lavavam as mesmas, segundo outro. De todo o modo, deixaram de lavar e consertar redes de pesca para passarem a trabalhar no sentido de que vidas fossem lavadas pelo sangue do Cordeiro e consertadas pelo Oleiro (Mc 1:19).

Desafio à intimidade e à comunhão

Andar com Ele. O Mestre chama-nos para estarmos perto dele. Quem segue à distância não é discípulo mas observador ou simpatizante. Quem não desenvolve intimidade com Deus nunca o poderá conhecer, porque esse conhecimento não é cognitivo mas experiencial e espiritual. E quem não o conhece nestes termos nunca o poderá imitar: “Sede meus imitadores, como também eu de Cristo” (1 Coríntios 11:1).

Desafio à aprendizagem ou edificação

Aprender dele e com Ele. As famílias da Grécia antiga enviavam os seus filhos para as escolas dos grandes filósofos daquele tempo. A intenção era que aprendessem o mais possível com eles, ouvindo-os falar, conversando com eles, esclarecendo as suas dúvidas e observando-os de perto.

Ao contrário dum edifício o cristão nunca está concluído. A sua edificação é permanente. Quem acha que já sabe tudo engana-se por ainda ter tudo para aprender. O primeiro sinal dum homem sábio é a consciência de que ainda nada sabe em comparação com tudo quanto lhe falta saber. Como terá dito Sócrates: “Só sei que nada sei”.

Desafio à aventura

Da zona de conforto para o risco. O Mestre desafiou os discípulos a andar sobre as águas, a alimentar multidões, a curar enfermos (comissão dos 70 discípulos, em Lc 10:9a) e a expulsar demónios (10:17). Ser discípulo de Cristo é uma aventura permanente.

Desafio da passagem do natural para o espiritual

“Mas Jesus lhe observou: Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos; porém tu vai e anuncia o reino de Deus” (Lucas 9:60). O Mestre desafia-nos para aprender a falar outra linguagem, a linguagem da fé e do espírito.

Todos somos chamados por Jesus para sermos seus discípulos: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém” (Mateus 28:19,20). É por isto que todos os seres humanos são iguais perante Deus. Jesus deu a vida por todos e manda-nos fazer discípulos em todas as nações.

Passaram 75 anos sobre a libertação do campo de concentração nazi de Auschwitz (Polónia), onde mais de um milhão de pessoas foram assassinadas nas câmaras de gás, apenas porque alguns pensavam que havia uma raça superior… Só que o Deus da Bíblia não faz discriminação entre seres humanos: “E, abrindo Pedro a boca, disse: Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas” (Actos 10:34).

Nasceu em Lisboa (1954), é casado, tem dois filhos e um neto. Doutorado em Psicologia, Especialista em Ética e em Ciência das Religiões, é director do Mestrado em Ciência das Religiões na Universidade Lusófona, em Lisboa, coordenador do Instituto de Cristianismo Contemporâneo e investigador.

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